Uma vida feliz
Na sabedoria oriental, o idoso é personagem central da cultura e da sociedade. Responsável pela consolidação da família, contribui para a formação do jovem e da família. Na sociedade ideal, evocada por Simone de Beauvoir, não existiria velhice. Seria uma fase da existência diferente da juventude e da maturidade, dotada de equilíbrio próprio.
Nesta fase da vida, as pessoas deverão ter alcançado o grau máximo de ascensão em suas profissões e realizações. Já experimentaram desilusões, desalentos e decepções, demonstrando exaustivamente capacidade e realizações.
É a fase em que o grande desafio não é a luta desenvolvimentista, o progresso arrojado e as vitórias compulsivas. Mas sim, o equilíbrio, a reflexão e a estabilidade das conquistas.
Nos países de tradição revelou-se diretrizes de bem-estar, e combate à discriminação de idade. De modo que as pessoas idosas se mantenham como participantes comuns do desenvolvimento e nunca como espectadores na sociedade em que vivem, à qual dedicaram todas as energias. Ao invés de considerá-los incapazes e inativos, devemos valorizá-los descortinando novas perspectivas.
Resgatemos nossos idosos. Vamos trazê-los de volta, conquistarmos os que ainda estão conosco, incentivando-os ao lazer, e fundamentalmente preparando uma geração de idosos saudáveis, longevos, felizes e participantes de uma sociedade com igualdade e fraternidade. Assim estaremos assegurando o nosso próprio futuro.
A felicidade é um estado de espírito. Havendo estabilidade no trabalho, na família e no lazer. A manutenção de unidade de saúde voltada para o atendimento geriátrico, com recursos humanos da Gerontologia Social deverá constituir um ponto alto na política nacional de saúde.
O bem-estar físico-psíquico e social é resultante de experiências durante a vida, notadamente na área afetiva. A família gratifica a existência nos mais amplos sentidos. Este período pode coincidir com a saída dos filhos de casa, deixando sem identidade, a síndrome do ninho vazio. O Lar Torres de Melo é um exemplo sublime e dignificante na assistência aos idosos.
Após realizações brilhantes e superiores, o ser humano chega ao fim da vida deixando neste mundo contraditório e letal obras gloriosas e fecundas, como a existência consagrada com a família, com a religião no plano espiritual. A fé e o pensamento cristão nos conduz ao encontro espiritual com nossos pais através do Senhor, nos gratificando e recompensando pelo sublime passado realizado com amor, compreensão, orientação e solidariedade com nossos filhos.
Assim estaremos unidos eternamente. Filhos, irmãos, pais e família. Pais iluminados, filhos brilhantes e famílias abençoadas. O segredo de uma longa-vida. A vida eterna, com Deus.
Josué de Castro
Médico, Professor e Escritor