Um pouco de saudade.
Ganhei alguns CDs de um amigo que compartilha comigo o gosto pelas serestas e pelas relíquias musicais do passado. Eu gosto das antigas canções do nosso rico cancioneiro popular, não porque seja saudosista, mas sim pela singeleza das poesias, a beleza das melodias e o sentimento de romantismo e enlevo que elas me trazem. Poesia e romantismo não fazem mal a ninguém. Ao contrário, fazem um bem danado. Trago comigo esse gosto pelas serestas desde que era menino, lá pelo fim dos anos cinquenta, quando o meu pai ainda era vivo, e todas as noites, religiosamente, ele ouvia o programa Morais Sarmento, na Rádio Bandeirantes. Era um programa que só tocava música antiga. Aliás, já era música antiga nos idos dos anos cinquenta, então dá para imaginar a idade dessas preciosidades que ele ouvia. E eu me acostumei a ouvir Francisco Alves, Silvio Caldas, Carlos Galhardo, Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Gilberto Alves, Vicente Celestino, só para citar os mais famosos seresteiros daqueles belos tempos em que a gente podia andar pelas ruas da cidade, de madrugada, cantando essas canções, e a única coisa ruim que podia acontecer era alguma velhota, ou velhote mal amado, jogar um balde de água (ou outra coisa) na cabeça da gente. |
* João Anatalino Originalmente publicado em https://www.recantodasletras.com.br/artigos/5001336 |