Seremos lembrados no futuro ou cairemos no esquecimento?
Será que realmente seremos lembrados depois que partirmos para o Oriente Eterno ou, apenas cairemos no perpétuo esquecimento? Esta é uma pergunta aparentemente simples de responder, mas não é, pois tudo irá depender das ações que viremos a realizar durante nossa vida ou, qual caminho precisaremos escolher para trilhar.
É curioso quando nos perguntam o que queremos para o nosso futuro ou que caminho queremos seguir e, simplesmente, não sabemos responder; isso porque não sabemos que caminho seguir.
Isso me lembra da animação de 1951, Alice no País das Maravilhas, quando em um determinado momento ela se depara com uma bifurcação com várias opções de caminhos e pergunta ao Gato de Cheshire:
“- O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?”
“- Isso depende muito de para onde você quer ir, respondeu o Gato.”
“- Não me importo muito para onde..., retrucou Alice.”
“- Então não importa o caminho que você escolha, disse o Gato.”
Se não sabemos o que queremos, então quem saberá? Pronto, chegamos à primeira questão de nossa crônica! Isso não significa que tudo que escolhermos usando a certeza, teremos a certeza que irá dar certo. Não! Pode acontecer de dar tudo errado; mas o ponto é, que escolher com certeza vai dar uma motivação a mais para atingir o objetivo escolhido, ao passo que, ao pegar qualquer caminho, a chance de dar errado é bem maior. Gandhi dizia que nunca sabemos quais os resultados vindo de uma ação, mas, se não fizermos ação alguma, não haverá resultado.
Apenas como reflexão, pois, o que serve para um pode não ser modelo para o outro; quando começamos a usar a certeza em nossas escolhas, podemos estar vislumbrando algo no futuro, um trabalho, um imóvel, um relacionamento, um legado. Assim como tudo pode cair de paraquedas, quem sabe?
Ao longo de nossa vida, ou nossas escolhas, temos a chance de deixar algo para a humanidade, alguma coisa que possamos ser lembrado pela eternidade, ou pelo menos por alguns séculos. Chamamos isso de legado e, para construirmos um legado à posterioridade, precisamos fazer escolhas, muitas delas poderão não ser as corretas, mas precisamos continuar tentando, se esse for o objetivo final.
Todo mundo deseja ser lembrado após a morte. Mas por quanto tempo? O que você está fazendo para isso? Como uma pessoa comum, a única coisa que posso deixar para o futuro é o meu legado e, pessoalmente, trabalho a minha vida desde muito tempo para ser lembrado, nem que seja no rodapé da história, não por uma questão de ego, mas por que as pessoas tendem a esquecerem das coisas, ações e realizações muito fáceis, inclusive os próprios familiares.
Assim somos nós, esquecidos com o passar do tempo, sem feitos, sem realizações ou legados à humanidade, muitas vezes por que não sabemos escolher direito, outras por que escolhemos demais.
Mas há casos de quem faz e também é esquecido. Há um tempo entrei em contato com uma Potência Maçônica de outro Estado para obter informações maçônicas sobre o meu patrono na Academia Maçônica de Letras e Artes – AMCLA, o conhecido e renomado tenor gaúcho, Antônio Vicente Filipe Celestino, ou, simplesmente, Vicente Celestino. Como uma pessoa considerada famosa, acreditei que haveria alguma informação sobre ele, mas só encontrei o que já sabia, a sua data de Iniciação. Será que ele foi meramente esquecido ou será que os documentos foram extraviados? São perguntas que não conseguirei responder, mas fico triste em saber que alguém que foi tão famoso no mundo profano, nas décadas de 30's a 50's, tenha sua história maçônica esquecida ou perdida. Como artista que sou, e mesmo sem a sua história maçônica, mantive-o como meu patrono, em sinal de respeito e reconhecimento à sua obra.
Será que o Vicente Celestino não deixou legado na Maçonaria a exemplo de Luiz Gonzaga, do qual, nós maçons, nunca nos esquecemos de cantar “Acácia Amarela”? Deixar um legado também é motivar outras pessoas da possibilidade de serem sempre lembradas; “se ele conseguiu, eu também consigo!”.
A Maçonaria é um legado deixado para nós e que muitos ainda não estão sabendo compreender a sua essência, pois, mesmo sendo iniciado, ainda não sabem qual caminho escolher.
Também é importante frisar que nem todo legado é bom, pois há quem deixe cicatrizes profundas, e que nunca nos deixam esquecer. Então, não seja esquecido pelo tempo! Deixe sua marca, mas de preferência, uma boa marca.
Carlyle Rosemond Freire
Irmão Maçom desde 1994; jornalista, editor do Jornal Cavaleiros da Virtude, professor de Arte com formações em Dança e em Artes Visuais, Mestre em Educação e algumas Pós, sendo uma delas a de Maçonologia (Filosofia e História Maçônica).
Fonte: Jornal Cavaleiros da Virtude - Ano X - Nº 051 - Maio 2023