Adoro ver os campos das lavouras arados, adubados, prontos para receberem as sementes. Algumas semanas depois, aparecem as mudas pequenas, verdinhas, e , em pouco tempo, elas se transformam, já produzindo belas espigas, frutas, flores…
Para isso, houve necessidade de revolver a terra, adubá-la, molhá-la, sempre para que a colheita seja farta e boa. E assim, acontece o milagre em que a natureza tudo modifica para nos servir.
Trazendo essa metáfora para nossa vida, vemos que nós também trilhamos um caminho semeando inúmeras sementes, e colhendo-as, e nem sempre as melhores – amor ou desamor, alegria ou tristeza, raiva ou tolerância, compreensão ou desarmonia. E a cada pensamento e ato, estamos projetando para a humanidade, principalmente para os que nos cercam, conforto ou desconforto, amor ou ódio, vontade de acolher e ajudar ou vontade de vingança e de abandono.
Vemos isso acontecer aos montes, mas não precisa ser sempre uma única regra. Já viram uma linda flor nascer no meio de pedras? E os cactos, que apesar dos espinhos, e da aridez da terra, fornecem água aos andarilhos?
A natureza é sábia! Ela é compassiva! Assim também alguns animais, que nos doam amor incondicional, doam também sua própria vida para nos alimentar.
E nós, considerados seres racionais, com grande potencial para analisar, discernir, como agimos e reagimos?
Reflitamos com calma, e percebamos, quais são nossas reações quando alguém nos faz alguma coisa que nos desagrada? Ou quando somos magoados por alguém ou o magoamos ? Esses sentimentos perduram por muito tempo, por toda sua vida? Ou esperamos passar um tempo, e com a cabeça mais fria, somos capazes de analisar a situação e termos uma solução mais saudável?
Normalmente, temos um padrão de resposta. E dependendo desse padrão, não somos capazes de perdoar, de tentar compreender as pessoas, e acabamos nos ferindo, ficando com um “espinho encravado” no coração. Criamos um invólucro invisível a nossa volta, para nos proteger, inclusive do amor, que não nos permite doar, tampouco recebê-lo. Sabe, às vezes, nem temos consciência disso. Mas essa capa protetora age muito nas nossas decisões, esbarrando nas escolhas das sementes que poderíamos jogar nas estradas da nossa vida.
Quando jovens, somos mais impetuosos, queremos ter razão, na maioria das vezes. Na maturidade, porém, mesmo continuando a semear, estamos colhendo os frutos da nossa jornada. Isso se reflete nos cuidados dos nossos filhos para conosco, na sua atenção em nos ensinar, porque o mundo mudou aceleradamente; portanto, temos de saber conviver com as mudanças. A maneira de como fizemos nossa trajetória reflete também no tratamento que recebemos dos amigos, e principalmente, na nossa capacidade de ampliar nosso olhar, compreendendo mais as pessoas, sendo mais tolerantes e desenvolvendo muito a compaixão.
Isso também não é regra. Se chegarmos à maturidade cheios de ódio, de culpas, esses sentimentos só nos farão mal, trazendo doenças e solidão, provavelmente. É hora de vivenciarmos o auto-perdão e perdoar os outros; aprender a nos amar, amar as pessoas e ser amada. A vida é curta .
Não só na maturidade, mas quanto antes aprendermos o significado do perdão, a nos despojar de sementes infrutíferas e emboloradas, nossa vida mudará de cor, de sabor e se encherá de amor. Não somos deuses para julgar ninguém.
Vamos tentar escolher boas sementes para semearmos em nossas vidas?
A única pessoa responsável pela nossa colheita somos nós mesmos! Não joguemos a culpa em ninguém!
A terra já está arada….
Mariúza Pelloso Lima
Fonte: https://portaldamaturidade.com/2014/01/29/semear-e-colher/