OS SÍMBOLOS MAÇÔNICOS E SEUS SIGNIFICADOS NO RITO MODERNO

 

 

 

 

A Maçonaria é uma Instituição que se vale de símbolos para passar sua mensagem, ensinamentos e filosofia. O simbolismo é uma verdadeira ciência e na Maçonaria os símbolos e seus significados são fundamentais para o aperfeiçoamento do homem e do maçom. Os Maçons fazem uso de símbolos e empregam uma linguagem alegórica pela tradição das antigas iniciações e também porque o símbolo e a alegoria, falando ao mesmo tempo aos sentidos e ao espírito, à imaginação e à razão, servem para melhor gravar na memória as ideias que exprimem. Os símbolos têm um efeito muito poderoso na mente humana, mostrando-se mais eficientes do que as palavras. Isso porque o significado encerrado em um termo qualquer nunca traduz, de fato, a essência que busca comunicar.

 

Inicialmente, é preciso diferenciar Símbolo de Sinal. Esta diferença às vezes é sutil e não tem relação com a representação em si, mas com o receptor da mensagem ou informação. Por exemplo, se um profano passar em frente a um Templo Maçônico, o Esquadro e o Compasso são apenas um sinal indicando que ali é um local onde se reúnem Maçons, mas se quem passar for Maçom, o Esquadro e Compasso será um símbolo que expressa o espírito da filosofia maçônica.

 

Através do simbolismo o maçom atual (originariamente construtor operativo) procura desbastar sua “Pedra Bruta”, que significa seu estado de imperfeição, inerente ao ser humano, de modo que esta pedra, antes disforme, seja desbastada e esquadrejada possibilitando seja inserida no edifício social, contribuindo assim para o aperfeiçoamento da Humanidade. A Iniciação Maçônica se expressa com exatidão nos símbolos do Compasso e do Esquadro. Os símbolos podem ser muito úteis nesta evolução buscada pelo maçom desde a Iniciação, desde que não sejam limitados apenas às definições morais.

Veremos a seguir alguns dos principais Símbolos Maçônicos, de acordo com a ótica do Rito Moderno.

 

Esquadro e Compasso

Nos ritos teístas o Esquadro significa a matéria e o Compasso o Espírito. Para o Rito Moderno o Esquadro é o emblema da retidão e do direito e o Compasso o símbolo do conhecimento. Para os ritos teístas, a Verdade, simbolizada pelas hastes do Compasso é a Verdade Divina. Para o Rito Moderno, a Verdade contida nas hastes do Compasso é a Verdade sempre renovada da evolução científica, do raciocínio livre e do espírito crítico, que possibilita ao homem a liberdade de escolha, sem a imposição de padrões que lhe obriguem a acreditar numa Verdade estática e imutável. No grau de Aprendiz, as hastes do Compasso presas sob o Esquadro representam a mente dominada pelos preconceitos. No grau de Companheiro a libertação de uma das hastes significa que o maçom, ao desenvolver-se, está buscando a Verdade com liberdade de pensamento e opinião. Já no grau de Mestre, com as duas hastes do Compasso sobrepondo-se ao Esquadro, mostram que o Mestre Maçom é aquele que tem a mente totalmente livre, podendo, então, dedicar-se ao trabalho de construção do edifício social e moral da humanidade.

 

Triângulo Luminoso

Para o Rito Moderno, que é essencialmente científico e racional, o Triângulo Luminoso, colocado no Oriente é o emblema da ciência que esclarece e há de esclarecer ainda mais os homens. O olho aberto representa a sabedoria que observa e que prevê, ao contrário dos ritos ditos teístas, em que este Triângulo representa a divindade.

 

Maço e Cinzel

O Maço e o Cinzel significam que o Maçom deve procurar aperfeiçoar-se, juntando esforços para eliminar as asperezas de sua Pedra Bruta, consubstanciadas nos seus defeitos, preconceitos e erros.

 

Nível

Representa os esforços que devemos fazer para realizar, progressivamente, a igualdade social.

 

Trolha

Indica a conclusão do trabalho. Proclama também a Glorificação do Trabalho, que importa, igualmente, o levantamento dos trabalhadores deserdados ou desprotegidos da sorte. O Trabalho constitui a base de tudo e sem ele nada existiria. O Trabalho é em si mesmo o esforço constante do homem para libertar-se, progressivamente, das faculdades que o diminuem.

 

A Corda de 81 Nós

Com seus nós entrelaçados simboliza a união de todos os Maçons e os torna uma única família. Circula o Templo para indicar que essa união se estende por toda a Terra. A borla aberta sobre a Porta do Templo representa o princípio progressista e dinâmico da Ordem, que conjugado com as características do Rito Moderno, afasta inteiramente qualquer princípio dogmático e unilateral, nos recordando sempre que o Maçom deve ser um homem aberto à crítica renovada e reelaborada, demonstrando por fim a característica de Livres Pensadores de todos os autênticos Maçons.

 

Espada

Para os ritos teístas e deístas, as espadas representam os raios da luz da verdade que ofuscam a visão intelectual daqueles que ainda não estão preparados por sólida instrução. Para o Rito Moderno, possuem dois significados. Antes de 1789, simbolizavam a igualdade. Naquela época somente os nobres e os titulares de certos ofícios tinham o direito de portá-las em público. Cada Irmão, qualquer que fosse seu nascimento ou posição social tinha o direito de trazer a espada em Loja. Essa prática servia para indicar que todos os homens são iguais em direitos. Em segundo lugar, a espada é o símbolo do combate que o homem deve sustentar para defender a Justiça e a Verdade, já que o maçom, mais do que ninguém, deve lutar constantemente contra a injustiça e a mentira.

 

Ternário

Significava, para as antigas civilizações, a criação, conservação e destruição. Para o Rito Moderno significa o Passado, Presente e Futuro. Representa ainda as três etapas da vida humana e as três fases da evolução do pensamento (intuição, análise e síntese).

 

Pavimento Quadriculado

Para os sumerianos representava o solo sagrado. Maçonicamente mostra que apesar da diversidade de cores e do antagonismo das religiões, em tudo reside a mais perfeita harmonia. No Rito Moderno ele pode ou não estar presente em seus Templos, servindo mais como elemento decorativo. Se existir, deverá ter os quadrados brancos e negros em diagonal. Alerta José Castellani que no Rito Moderno deve-se preferir a expressão Pavimento Quadriculado, ao invés de Pavimento de Mosaico, já que o termo mosaico, quando usado como adjetivo, é relativo a Moisés e, por extensão, ao judaísmo, tendo sua origem na lenda segundo a qual Moisés teria jogado pequenas pedras coloridas para forrar o chão do Tabernáculo. É preferível, portanto, falar-se em Pavimento Quadriculado, que não comporta interpretações religiosas ou místicas, que possam ferir a liberdade de consciência de algum obreiro, contrariando a doutrina modernista.

 

Importante referir que, apesar das diferenças observadas nas interpretações dos Símbolos, a busca do aperfeiçoamento do Ser Humano, objetivo final da caminhada maçônica, é comum a todos os ritos, sejam eles teístas, deístas, adogmáticos ou agnósticos. Segundo o historiador David Stevenson, a Maçonaria dita Especulativa, dos Aceitos,  apropriou-se em seus primórdios dos instrumentos de trabalho dos antigos Maçons Operativos para criar toda uma simbologia própria. Dois diferentes paradigmas influenciaram separadamente as formações dos ritos que estavam surgindo, apesar da simbologia comum.

 

O Paradigma Renascentista buscou o resgate dos Clássicos da Antigüidade pagã sem, no entanto, abandonar os princípios cristãos da época, resultando na fórmula do G. A. D. U., essencialmente teísta, apesar de ser utilizada também pelos ritos de orientação deísta que sofreram influências do paradigma renascentista, de algumas Ordens Místicas e dos chamados Antigos Mistérios. 

 

 O Rito Moderno, por sua vez, foi forjado sob outro paradigma, o Iluminista Social, e apesar de deísta em sua origem, é baseado na ciência e na razão, duvidando do que não puder ser racionalmente explicado, colocando, dessa forma, a Fé em antagonismo com a Ciência ao defender a Liberdade Absoluta de Consciência e a ausência de dogmas. Apesar dessa "incompatibilidade filosófica" entre os dois paradigmas formadores dos diversos ritos da moderna Maçonaria, os ideais são absolutamente os mesmos, e todos os ritos, indistintamente, valem-se dos mesmos símbolos e alegorias para transmitir os ensinamentos maçônicos. 

 

A Maçonaria é “o Centro de União de homens que em outras circunstâncias tenderiam a ficar perpetuamente separados”. Há lugar para todos que potencialmente sejam capazes de expressar a vocação para Homem-Humanidade. Justamente nisso residem a beleza da nossa Ordem e a riqueza e complexidade da Simbologia Maçônica.

 

Nada melhor para encerrar este trabalho do que as palavras do Mestre Oswald Wirth, proferidas em sua obra "OS IDEAIS INICIÁTICOS", que exprimem com exatidão o sentido da obra maçônica:

 

“Toda iniciação maçônica limita-se a ensinar a arte de construir humanitariamente. Não se vá, pois, pedir-lhe a revelação dos segredos do universo ou da natureza humana: seus segredos são os do trabalho sobre as pedras humanas destinadas a passar de seu primitivo estado grosseiro, inutilizável para nosso edifício humanitário, ao estado de materiais esquadrados e polidos à perfeição, em vista de sua colocação no grande edifício. Por certo, são estes segredos da maior importância, por serem relativos ao mistério da Vida”.

 

 * Arthur Aveline – Mestre Macom (Instalado)

ARLS∴ Acácia Porto-Alegrense nº 3612 do Rito Moderno

GOB - RS

 

 

*   *   *

 

BIBLIOGRAFIA 

Rituais do Rito Moderno – GOB

Rituais do REAA - GLMERGS

O Rito Moderno – A verdade revelada – Frederico Guilherme Costa e José Castellani

A Simbólica Maçônica – Jules Boucher

Comentários ao Ritual de Aprendiz – Nicola Aslan

As Origens da Maçonaria – David Stevenson

Mensagens eletrônicas trocadas com diversos Irmãos