Origens da Hospitalaria

Jerusalém é um local sagrado para as principais religiões do mundo, judeus, cristãos e muçulmanos travaram batalhas sangrentas pelo controle dessa terra, daí surgiram as famosas cruzadas.

Aproximadamente em 1099, mercadores de "Amalfi" uma província de Salerno, na região da Campânia, na Itália'' fundaram em Jerusalém, sob a regra de São Bento, uma casa religiosa para o acolhimento de peregrinos. Anos mais tarde construíram junto dela um hospital que recebeu, de ''Godofredo de Bulhão um nobre e militar e considerado por muitos, um dos líderes das primeiras cruzadas,'' fazendo este doações que lhe asseguraram a existência, sendo posteriormente reconhecida pelo Papa.

Após alguns anos, o serviço de proteção e atenção aos doentes, passaria a contar também com serviços militares, constituindo, assim, a fundação da Ordem dos Cavaleiros Hospitalários.

“Hospitalários” vem da palavra “Hospício”, que naquele tempo tinha a conotação de local para tratamento e/ou hospedagem de pessoas doentes ou pobres sem gratificação, monetária. Tronco de solidariedade na antiguidade:

Existe uma interessante teoria, sobre a origem do tronco de solidariedade, na época da construção do Templo de Salomão, onde ferramentas, projetos, documentos e pagamentos de obreiros, eram colocados dentro das colunas do templo, e ao final do dia os obreiros retiravam o que precisavam destas colunas para o seu sustento. Estas doações também eram destinadas às
viúvas e órfãos.

Maçons operativos, por volta do século XV, instituíram: nos Estatutos Reguladores da Conferência dos Talhadores de Pedra, um sistema de ajuda mútua. Tal sistema recebeu o nome de Tronco das Viúvas. A finalidade do recolhimento de óbolos para a formação do tronco, era auxiliar a família do Obreiro falecido, tendo depois, adquirido um segundo destino: ajudar o maçom acidentado no serviço.

Essa reunião ocorreu em 25 de abril de 1450, em Ratisbona. Nos tempos passados, um maçom acidentado no serviço, estava impossibilitado de exercer suas funções de trabalho, parafraseando para agora, um irmão que se encontra desempregado, épocas diferentes, situações iguais.

A Hospitalaría de cada um.

Hospitaleiro é um cargo concedido, mas a Hospitalaría deve ser exercida por cada um de nós, nossa contribuição em cada sessão, deve ser feita sempre pensando, que aquele valor depositado na bolsa, irá socorrer um irmão necessitado.

O Grande Arquiteto do Universo, sempre abençoou, homens que praticaram a caridade, e contribuíram para a solução dos problemas do seu próximo. Como exemplo, podemos citar grandes filantropos famosos, do quilate de John D. Rockefeller, o barão do petróleo, Andrew Carnegie, o magnata da indústria do aço, mas, acreditamos que os verdadeiros filantropos, os heróis a humanidade, são aqueles que NÃO APARECEM, não chamam para si o mérito do que fazem. Como disse o Mestre Jesus, “que a mão esquerda não saiba o que a direita fez”.

Um parêntese: O maior reconhecimento pelos nossos atos deve ser de Deus, de ninguém mais. Nós mesmos podemos e devemos ficar feliz com o que praticamos de caridade, porém em silêncio, apenas consciencial. E isto, visando sempre não constranger aquele a quem prestamos o auxílio. Fecha parêntese.

Se voltarmos no tempo, nas raízes das origens mais profundas da hospitalaria, notaremos que o óbolo era para ajudar primeiramente aos fraternos e a família destes, e só depois alguma outra obra de caridade, os templários ajudavam aos leprosos e doentes, mais primeiramente aos irmãos de ordem.

Entendo que quando os irmãos estiverem supridos, poderemos ajudar as obras do mundo profano, assim trabalhavam os templários, os maçons operativos e os obreiros no templo de Salomão.

A hospitalaria deve ajudar ao irmão que passa por um momento difícil, e tão logo esse se restabeleça, o irmão ajudado, tem o dever moral de repor o óbolo para a bolsa de beneficência, para que o tronco de solidariedade não seja quebrado, e possa novamente ajudar a outro irmão em dificuldades. Não podendo também a hospitalaria oferecer assistencialismo eterno, devendo
o irmão ajudado usar essa ajuda como impulso, para se projetar rumo ao sucesso de sua empreitada.

Consultando a sabedoria do livro da lei, chegamos em Gálatas: capítulo 6, versículo 10, do qual temos o seguinte entendimento referente a hospitalaria:
''Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.’'

Sérgio Ferreira Barbosa

Fonte: A BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulus, 1995.
DEMURGER, Alain. Os cavaleiros de Cristo: templários, teutônicos, hospitalários e outras ordens militares na Idade
Média (séculos XI – XVI). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, Editor, 2002. FOREY, A. J. Novitiate and
instruction in the military orders during the twelfth and thi r teenth centur ies. In: SPECULUM, Vol. 61, no 1, 1986, p. 1-17.
FOREY, A. J. Military orders from the twelfth to the early fourteenth
Oriundo da Revista “O Malhete” de maio de 2023