O topo da Coluna do Norte e o lugar do Aprendiz

Qual o lugar correto onde o Neófito recém iniciado, denominado agora Aprendiz Maçom, deve se sentar?

Este é um tema pouquíssimo abordado dentro das lojas e quase nunca observado pelos recém iniciados, à exceção dos mais curiosos e atentos, mas, sem dúvida, a massiva maioria desconhece o simbolismo que este local representa. Entretanto, percebo nitidamente que até mesmo entre Mestres antigos e experientes esse desconhecimento também é latente. É sobre essa “polêmica” que pretendo abordar de forma profunda neste trabalho.

Existem várias explicações sobre qual o lugar onde o Aprendiz deve se assentar, e a depender do rito a ser praticado, todas podem estar corretas. Um ponto importante a ser considerado é exatamente esse, “a depender do rito”.

A maçonaria teve sua origem no Hemisfério Norte, e na Região Boreal(1) era comum e quase uma tradição, que as grandes construções e catedrais da Idade Média, tivessem seus projetos arquitetônicos referenciados a partir do Nordeste, projetando grandes aberturas para o lado Sul (meio-dia), ponto mais iluminado, para aproveitar a luz solar, principalmente após o Astro Rei ultrapassar o Zênite(2) rumo ao Hemisfério Sul. Com dias mais longos no Hemisfério Norte, essas grandes aberturas ao Sul proporcionariam mais luminosidade para dentro das construções, garantindo que os trabalhos continuassem com força e vigor até o momento do Ocaso(3) do Astro Rei.

Portanto, fazendo alusão à etapa inicial da obra, a Pedra Angular(4) ou Fundamental, era sempre “assentada” a Nordeste do terreno. Ritos que determinam essa posição para o recém iniciado, como é o caso do Rito de York, assim o faziam no intuito de reviverem os costumes do povo daquela época, inclusive da maçonaria primitiva, estabelecendo a relação de que o maçom, construtor social que é, estaria a edificar o seu templo interior, desbastando as asperezas de seus vícios, submetendo sua vontade em prol da formação de caráter idôneo e moral ilibada, ficando a nordeste da Loja, ou seja, próximo a mesa da Dignidade responsável pelas finanças, o Irmão Mestre Tesoureiro.

Na minha opinião, em virtude de traduções equivocadas e falta de observância de maçons especulativos ao longo da evolução da Arte Real(5), são vários os enxertos, adaptações equivocadas e muito invencionismo, talvez por descuido ou abuso do famigerado “usos e costumes” e possivelmente pelo total descompromisso dos revisores com o estudo da origem dos ritos praticados pelos maçons especulativos.

Dentre os ritos atualmente praticados no Brasil, pelas lojas jurisdicionadas às Grandes Lojas, o Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) é o mais comum sem dúvida e, em vários rituais atualmente utilizados pelas Oficinas, há clara instrução sobre qual a posição que o Aprendiz deve ocupar na Coluna do Norte.

O ritual de G1 do REAA da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais (GLMMG), edição de 2017 (pg.29) e na edição revisada de 2023 (pg.30), determina que o Aprendiz deve ocupar o assento mais a Nordeste, usando como justificativa exatamente a explicação que expus acima, que como já disse, é aplicado a ritos de origem inglesa, como o Rito de York, mas não ao REAA, que é um Rito Solar(6). Corroborando com essa instrução, no mesmo ritual, edição 2017 (pg.143) e edição 2023 (pg.145), no final da cerimônia de iniciação, o Venerável Mestre ordena ao Mestre de Cerimônias que, após o iniciado gravar seu ne varietur(7) , conduza-o ao seu lugar no Topo da Coluna do Norte. No ritual é possível ler nas orientações, em negrito vermelho, a ritualística, novamente a determinação ao Mestre de Cerimônias para que conduza e faça se sentar o novo iniciado ao lado da mesa do Tesoureiro.

Os mais atentos devem ter notado que me referi ao REAA da GLMMG como rito solar. Este rito é considerado solar, porque sua doutrina entende que os astros são os responsáveis por reger tudo no plano terreno, e determinam diretamente os rumos da vida, sua evolução e finalização do ciclo. Morfologicamente o significado da palavra Zodíaco já deixa claro seu caráter evolutivo, onde do grego Zoe = Vida e Diakos = roda, temos a Roda da Vida. Portanto, compara a evolução do obreiro nos graus simbólicos com a jornada que o Astro Rei rompe pela Elíptica, com base nas estações do ano. Conforme resume muito bem o nosso irmão e estudioso, Pedro Juk:
“Em síntese, é a alegoria do renascimento, vida e morte da Natureza comparada ao iniciado – misticismo dos cultos solares da Antiguidade.”

É necessário estabelecermos duas premissas claras: Primeira, ao se entrar em uma Loja do REAA da GLMMG, é preciso nos “transportarmos” para o Hemisfério Norte. Segunda, é preciso entendermos a disposição física das Lojas neste rito e potência, entender o que ela representa, seu simbolismo e alegoria, para que a explicação a seguir seja de melhor entendimento e faça sentido para o leitor ao acompanhar a linha de raciocínio que pretendo construir.

As Lojas são uma representação do Templo de Salomão, isso todos os maçons concordam. No entanto, devido à disposição geográfica e limitações físicas, a maioria das Lojas praticantes do REAA na GLMMG não são construções fiéis àquelas determinadas pelo próprio Deus à Davi, conforme é possível ler em 1 Reis 6:20; 2 Crônicas 3:8. Certo de que o leitor tem total capacidade de entender as diferenças entres as orientações contidas no Livro da Lei e a disposição física das Lojas atuais, vou avançar em minha dissertação, sem me preocupar em detalhar a configuração original do Templo de Jerusalém, atentando-me única e exclusivamente ao cerne do tema proposto.

As Colunas Zodiacais são representações das Constelações Zodiacais. As primeiras aparições destas constelações no REAA datam do século XIX, mais precisamente em 1804, nos primeiros rituais impressos franceses. Essas Constelações Zodiacais vinham representadas na base da Abóboda, doze no Ocidente, fazendo uma alusão ao que seria a segunda parte da estrutura do Tabernáculo(8), marcando o início e o fim dos equinócios e solstícios. Portanto, trata-se de outro equívoco a representação física destas colunas nas Lojas. Com o decorrer do tempo e das várias revisões e modificações nos rituais, parou-se de representar os Pantáculos(9) das Constelações Zodiacais na Abóboda, e passou-se a representá-los nos capitéis de meias colunas romanas estilo Jônicas(10), cravadas nas paredes do Norte e do Sul. Representação equivocada novamente, já que esse estilo de coluna, na doutrina maçônica, faz alusão ao Venerável Mestre, que é a representação física desta coluna quando os trabalhos estão abertos. Certamente, devido a pouca disponibilidade física, e a difícil representação de todas as constelações e planetas existentes no céu do Hemisfério Norte, os revisores entenderam ser mais interessante retirar as Constelações Zodiacais da Abóboda e representá-las nos capitéis de meias colunas cravadas nas paredes do Ocidente. Originalmente existiam 13 constelações, se considerarmos a constelação de OPHIUCHUS(11), que foi posteriormente suprimida dos rituais.

Deixando de lado mais esse erro crasso, vemos a disposição da Loja representada por um Quadrilongo(12), sendo que a porção que representa o Oriente, formado por um Quadrado Mágico, seguem a Proporção Aurea(13) ou de Fibonancci(14), e o Ocidente, sendo duas vezes o tamanho do Oriente, juntos formando o que chamamos de Quadrilongo Perfeito.

Este Quadrilongo é dividido por uma linha imaginária, a linha do Equador, que estabelece no Ocidente duas porções, sendo o Setentrião(15) ao Norte e o Meridião(16) ao Sul ou meio-dia. As colunas B e J formam linhas imaginárias na elíptica do globo terrestre que, ligadas às Constelações Zodiacais de Câncer e Capricórnio, formam respectivamente o Trópico de Câncer(17) e o Trópico de Capricórnio(18), por estes motivos as duas colunas são conhecidas como Solsticiais ou Vestibulares, referência às colunas que ficavam no Vestíbulo(19) do Templo de Jerusalém e, por conseguinte, representam, respectivamente, os dois Solstícios existentes, o de Verão e o de Inverno. Lembrando sempre que nossa referência para esse estudo se baseia na visão da região Boreal.

Finalmente, considerando as premissas acima, podemos demonstrar de forma clara, o motivo pelo qual defendemos que o início da jornada do Aprendiz ao longo da Coluna do Norte, deve ser na Constelação Zodiacal de Áries. Ao sair da Câmara das Reflexões, o Neófito reconhece e aceita seu fim, sua morte para o mundo profano, para isso faz seu testamento, passa pela sua primeira prova, a da TERRA, como uma semente, é plantado no solo, onde irá germinar, crescer e desabrochar, e assim renascer para uma vida dentro da Ordem Iniciática em busca da Luz, como fazem as plantas ao buscar o Astro Rei, tão logo desabrocham na primavera. A busca pela Luz, almejada pelo Aprendiz renascido, foi um direito concedido pelo Venerável ao Neófito ao final da sua cerimônia de iniciação.

Esse simbolismo representa, na minha interpretação, o Neófito, agora iniciado, rompendo a tampa do seu esquife, enfrentando os palmos de terra que o encarceravam nas trevas da ignorância e o impediam de ver a Luz. Com a força do FOGO, elemento natural que representa a Constelação Zodiacal de Áries, ele emerge da TERRA e renasce, assim como ocorre no Equinócio de Primavera(20), que se inicia em Áries (21/03 a 20/04), passando por Touro (21/04 a 20/05) e finalmente finalizando em Gêmeos (21/05 a 20/06), onde a vegetação emerge da letargia do Inverno para se tornar exuberante e vibrante. Durante esses três meses o Aprendiz se dedicará a lapidação interior e, como nos incita uma das Máximas Délficas(21), “conhecer-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”. Ele irá “aparar as arestas” de sua brutalidade em busca de desvendar a obra prima de Deus, que segue oculta pela rudeza dos vícios trazidos do mundo profano. Está agora empenhado a trabalhar a sua espiritualidade, a fim de edificar o seu templo, a morada do espírito, benção maior do Senhor Deus. O simbolismo que melhor representa essa fase para o maçom é a Infância, onde tudo é novo e o conhecimento, a verdade e a Luz, ainda são distantes no Hemisfério Norte durante o equinócio vernal ou primaveril, já que o Astro Rei se encontra mais afastado da Terra. O instinto fala mais alto que a racionalidade, a brutalidade do seu “Eu” está aflorada

Dando sequência a evolução da jornada do Aprendiz, conforme a movimentação dos astros sobre a elíptica do globo, em particular o Sol, este segue no caminho do trabalho árduo e braçal, na obra da edificação, afinal ele é o construtor social que está de corpo e alma dedicada à edificação do templo divino, não o de Jerusalém, mas o seu templo interior.

A coluna B faz com a constelação zodiacal de Câncer, o Trópico de Câncer, anunciando o início do Solstício de Verão(22), marcado por dias longos e ensolarados e noites mais curtas, motivo pelo qual os antigos dedicavam-se as obras e construções neste período, onde as edificações eram construídas com grandes aberturas ao Oriente, Ocidente e em particular ao Sul, para aproveitar melhor a luminosidade devido ao fato do Sol estar mais próximo da Terra, fazendo uma perpendicular com o Trópico de Câncer sobre o Equador.

Outro fato interessante, que corrobora e muito com a linha de pensamento da jornada do iniciado pela rota solar, e o início do verão na região Boreal, é o nascimento de João, o Batista. Considerado patrono da Maçonaria, também marca o início dessa fase, e a maçonaria realiza festas em sua homenagem, que ocorrem em duas datas específicas, 24/06, que marca o seu Nascimento, e 29/08, que marca o seu martírio.

João, o Batista, também ficou conhecido por trazer a Boa-Nova(23), previu a Verdade, o Caminho e a Vida, previu a Luz tão desejada e perseguida pelo iniciado, que agora já se encontra no auge de sua adolescência. Agora a Luz lhe é conhecida, mas ainda falta maturidade suficiente para entender a grandeza dessa revelação.

O Verão, que se inicia em Câncer (21/06 a 20/07), passando por Leão (21/07 a 20/08) e finalmente finalizando em Virgem (21/08 a 20/09), marca a revelação para o Aprendiz e o fim de sua jornada pela Coluna do Norte. É chegado o momento de sua elevação, sua metamorfose, a passagem para a vida adulta, a fase da juventude, fazendo alusão a carreira que o Sol estabelece ao cruzar o Equador sentido a região Austral.

Ronaldo Ribeiro da Cunha Souza
* Ronaldo é Mestre Maçom da ARLS Vigilantes da Justiça, nº 193, no oriente de Belo Horizonte, jurisdicionada à GLMMG.

Notas
(1) Essa região é conhecida como subártica, e fica entre os paralelos 50º N e 60º N. Sendo assim, a floresta boreal, como pode ser chamada, é limitada, ao norte, pela Tundra e, ao sul, pela floresta temperada, marcando a transição entre as áreas permanentemente frias e as regiões de temperaturas mais amenas do planeta. ↩︎
(2) Zênite ou zénite, em astronomia, é o termo técnico que designa o ponto interceptado por um eixo vertical traçado a partir da cabeça de um observador e que se prolonga até a esfera celeste. O ponto traçado por um eixo vertical de sentido oposto recebe o nome de nadir. ↩︎
(3) o aparente declínio de um astro no horizonte, do lado oeste; pôr, poente, é também o lado do horizonte onde o Sol parece esconder-se; ocidente, oeste, poente. O pôr do sol, ou sol-pôr, anoitecer, entardecer, ou ocaso, é o momento do dia em que o Sol se oculta no horizonte na direção oeste; fenômeno que ocorre devido movimento de rotação da Terra que faz o sol atravessar o céu de leste a oeste. ↩︎
(4) A pedra angular era a pedra fundamental utilizada nas antigas construções, caracterizada por ser a primeira a ser assentada na esquina do edifício, formando um ângulo reto entre duas paredes. A partir da pedra angular, eram definidas as colocações das outras pedras, alinhando toda a construção. ↩︎
(5) Forma como a Maçonaria como Ordem Iniciática é conhecida mundialmente. É também um movimento filosófico educativo, filantrópico e progressista que adota a investigação da Verdade, em regime de plena liberdade. ↩︎
(6) Assim como em muitas religiões a Maçonaria sofreu influência dos antigos ritos solares, provenientes das “Religiões Agrícolas”. Muitas alegorias e muito de nosso simbolismo está diretamente ligado aos cultos solsticiais. ↩︎
(7) Assinatura de próprio punho. ↩︎
(8) O tabernáculo consistia em três divisões através das quais a pessoa deveria passar para chegar à presença de Deus: o pátio externo, o santuário e o lugar santíssimo (ver Êxodo 25–30). ↩︎
(9) Pantáculos são todos os símbolos que possuem um significado de natureza mágica ou esotérica. Não confundir com pentáculos que possuem um significado mais restrito. ↩︎
(10) A Ordem Jônica é uma das ordens arquitetônicas clássicas. Suas colunas possuem capitéis ornamentados com duas volutas, altura nove vezes maior que seu diâmetro, arquitrave ornamentada com frisos e base simples. Possui vinte e quatro linhas verticais. ↩︎
(118) (lê-se Ofíúco) – Palavra grega que significa serpente. A descoberta levou à criação de um calendário completamente novo para o zodíaco, alterando os signos de milhões de pessoas. Por exemplo, alguns Cancerianos agora são Gêmeos. Foi sugerido na astrologia sideral como um 13º signo astrológico, além dos 12 signos do zodíaco tropical. A constelação Ophiuchus, conforme definido pelos limites da constelação da União Astronômica Internacional de 1930, está situada atrás do Sol de 29 de novembro a 18 de dezembro. Tendo em vista o conflito com a Constelação de Sagitário ela foi suprimida pelos babilônios. ↩︎
(12) que tem quatro lados, paralelos dois a dois, dois mais compridos que os outros (diz-se de retângulo). ↩︎
Proporção áurea, número de ouro, número áureo, secção áurea, proporção de ouro é uma constante real algébrica irracional denotada pela letra grega, em homenagem ao escultor Phideas, que a teria utilizado para conceber o Parthenon, e com o valor arredondado a três casas decimais de 1,618. ↩︎
(13) Leonardo Fibonacci, também conhecido como Leonardo de Pisa, Leonardo Pisano ou ainda Leonardo Bigollo, mais reconhecido como Fibonacci, foi um matemático italiano nomeado como o primeiro grande matemático europeu da Idade Média. É considerado por alguns como o mais talentoso matemático ocidental da Idade Média. ↩︎
(14) Porção Norte, representando a região Boreal. ↩︎
(15) Porção Sul, representando a região Austral. ↩︎
(16) O Trópico de Câncer é um paralelo situado ao norte da linha do equador que delimita as zonas equatorial e subequatorial norte. Corresponde à latitude mais setentrional da eclíptica. É uma linha geográfica imaginária situada numa latitude que varia lentamente, atualmente em 23.436327°N. ↩︎
(17) O Trópico de Capricórnio é um dos cinco principais círculos de latitude que marcam mapas da Terra. Delimita a zona tropical sul, que corresponde a um limite do solstício, que é a declinação mais meridional da elíptica do Sol sobre o equador celeste. ↩︎
(18) Pátio ou pórtico exterior, de acesso à entrada principal de uma construção. ↩︎
(19) O Equinócio da Primavera é uma época de renascimento, quando a natureza emerge da letargia do Inverno para se tornar exuberante e vibrante. Para os Maçons, este é o momento de crescer espiritualmente e espalhar os princípios maçônicos na sociedade em que vivemos. ↩︎
(20) O aforismo do grego antigo “conhece a ti mesmo“, também comumente encontrado em português na forma “conhece-te a ti mesmo”, é uma das máximas délficas e foi inscrita no pronau do Templo de Apolo em Delfos de acordo com o escritor Pausânias. ↩︎
(21) O Solstício, evento astronômico que anunciando a transição entre estações do ano, é carregado de significados simbólicos para os Maçons, que reservam para esta época celebrações das mais bonitas em todo o calendário anual onde se homenageia um dos patronos da Maçonaria, João, o Batista. Período marcado também pela maior proximidade do Sol no Hemisfério Norte onde o Sol faz uma perpendicular com o Trópico de Câncer, proporcionando dias mais longos e noites mais curtas. ↩︎
(22) No cristianismo, São João Batista foi o responsável por anunciar a boa-nova da chegada do filho de Deus. Também foi São João quem batizou Jesus no rio Jordão. A cultura popular europeia passou a mesclar a história do santo com alguns elementos relacionados com Adônis. Um dos símbolos mais importantes com relação ao santo é a fogueira. Basicamente, essas festas dedicadas aos santos católicos substituíram os rituais que eram realizados como homenagem aos deuses médio-orientais, nórdicos, gregos e romanos. Na Europa, na segunda metade do mês de junho (período em que ocorre o solstício de verão), era realizada uma celebração em culto a deuses da natureza, colheitas, plantações, entre outros. Um dos deuses celebrados nesse período era Adônis, que teria sido disputado pelas deusas Afrodite (do amor) e Perséfone (do submundo). Zeus, buscando a paz, determinou que Adônis passaria metade do ano no mundo superior (luz) com Afrodite e a outra metade com Perséfone no mundo inferior (trevas).Tal disputa entre as deusas foi então associada aos ciclos naturais pelos quais a vegetação passa. A vegetação morre no outono/inverno para renascer com vigor na primavera/verão. No dia 24 de junho, Adônis era celebrado como uma forma de exaltar a “boa-nova” do renascimento da natureza. O cristianismo assimilou essa ideia substituindo Adônis por São João Batista.