O Tempo e a empatia
Num tempo onde não se pode perder tempo, não temos tempo para as coisas mais essenciais. Essenciais? Sim… o que chega na essência. Para se chegar a essência é preciso dedicação… dedicar meu tempo e meu espaço interior para aprofundar minha percepção.
Mas a demanda de compromissos e o tempo corrido não nos permite mais a este luxo. Mesmo quando estamos sem o compromisso, nossa mente não consegue mais desacelerar, e ela continua preocupada (pré-ocupada). O ócio acaba nos trazendo um incômodo, um vazio inquietante.
A vida moderna exige que estejamos atentos e ativos. Tempo é dinheiro, consumo ou diversão (distração). Mas isso nos torna extremamente focados em nossas necessidades e compromissos, nos faltando tempo para olhar o outro. Tempo para ouvir, perceber e acolher o outro com interesse genuíno, não egoísta – onde essa atenção poderia me trazer algum benefício. O sofrimento do outro passa a ser responsabilidade exclusivamente dele, cada um com seus problemas. Eu me torno indiferente a eles.
Mas a calma e a tranquilidade aprofunda minha conexão com o mundo ao meu redor, ao contrário da pressa, que mantém minhas relações na superfície (superficiais). Minha percepção aumenta e com ela, minha sensibilidade e minha atenção. Começo a apreciar as coisas. O mundo, a natureza, o outro, a música, a arte, a solidão e a interação. Para isso é preciso estar no tempo e não correr contra ele.
O tempo é amigo da empatia, a falta dele da indiferença.
O tempo é amigo da percepção, a falta dele da insensibilidade.
O tempo é amigo da tranquilidade, a falta dele da tensão e do estresse.
O tempo nos leva à essência, a falta dele à superficialidade.
O tempo nos leva ao altruísmo, a falte dele ao egoísmo.
Se você está correndo demais com seus compromissos, anda muito ocupado e estressado? Cuidado… você pode estar fora do tempo. Procure se proporcionar uma vida com mais tempo: tempo sem compromisso, tempo com a família, na natureza ou qualquer outro tipo de meditação.
E atenção: estamos fazendo o mesmo com nossos filhos, lhes enchendo de atividades e compromissos. Permitam-lhes a paz que tanto almejamos…
Leonardo Maia
Publicado originalmente em bibliotecadaantroposofia@antroposofy.com.br