O SILÊNCIO MAÇÔNICO
Meu Estimado Irmão.
Somos sabedores que no mundo maçônico, a dimensão da palavra falada e escrita não é diferente.
Ao entrarmos em nossa Sublime Instituição encontramos, na ritualística, referências à sacralidade da palavra que, como meio de expressão dos pensamentos e dos sentimentos, que deve ser sempre dosado, moderado espelhando-se no equilíbrio interno do orador.
Em nossa Ordem, a palavra deve ser usada no mesmo sendo em que Dante Alighieri exortava o seu personagem.
À primeira vista para nós, o silêncio pode parecer um condicionamento de um castigo.
Na realidade, o silêncio, a meditação e o raciocínio, são a única via que nos leva à libertação das paixões e dos maus pensamentos. Além de nos exercitar a autodisciplina, em seu silêncio o Maçom apreende com muito maior intensidade tudo o que ouve e tudo o que vê. Assim, a voz do Irmão que se mantém em silêncio é a sua voz interior, quando dialoga consigo mesmo, neste diálogo, analisa, critica, nas suas próprias conclusões e aprimora o seu caráter.
Em suma, pelo silêncio, a Maçonaria estimula os Irmãos a desenvolver a arte de pensar, a verdadeira e nobre Arte Real.
Deste modo, o silêncio em Maçonaria não é meramente simbólico e não é também um meio de castrar a iniciava dos Irmãos. O silêncio é indispensável e decisivo no processo de lapidação da Pedra Bruta e no aperfeiçoamento interno dos Irmãos.
Ao cruzarmos as portas de uma Loja Maçônica, trazemos conosco a liberdade total de expressão, um direito natural que nos garantem a Declaração dos Direitos Humanos, sem as restrições que lhe impõem a moral e a razão, o novo Maçom aprende a controlar os seus impulsos, pela prática espontânea do silêncio. Assim nos aprimoramos o nosso caráter e preparamos para ser um líder, numa sociedade na qual prevaleça a Liberdade responsável, a Igualdade de oportunidade e a Fraternidade solidária. Tudo meu Irmão, se resume na prática da Lei do Amor e da Tolerância.
Certamente que o Grande Arquiteto do Universo ilumina e abençoa a todos os que pensam mais do que falam, pois estes espiritualizam a sua matéria, e são os seus filhos mais diletos.
* André Bessa
Fonte: Jornal do Aprendiz Nº 165, ano XII.