O silêncio é uma prece?
A prece se faz a Deus e quando falamos com Ele, mesmo que a boca cale o coração se manifesta, e uma vez se manifestando o silêncio não acontece. Na verdade o silêncio é vazio no meio material e do ponto de vista espiritual é simplesmente impossível de acontecer, pois uma mente sadia jamais permanecerá desligada no estado de vigília e mesmo durante o sono os sonhos acontecem.
O silêncio entre os mortais é absolutamente inadequado, do contrário o próprio Deus não teria nos colocado aqui com uma boca para falar e dois ouvidos para ouvir e nem a humanidade investiria tanto em comunicação sem nunca abrir mão do áudio. Basta lembrar o cinema mudo para chegarmos a essa conclusão.
Por outro lado, o silêncio não pode ceder lugar ao conflito de ideias sob a batuta da intolerância e acabar se transformando em desavenças, brigas e seus desdobramentos incompatíveis com a civilização moderna. A quebra do silêncio deve ser precedida de análise sobre aquilo que se deseja dizer, assim como a maneira como deve ser dito.
A intolerância quando aflora geralmente é combatida e quando engolida se transforma num silêncio que na maioria das vezes vem acompanhado do ódio, justamente pela ausência do diálogo, que certamente é a esponja capaz de apagar todos os ressentimentos.
A necessidade de se comunicar deve ter acontecido inclusive no Paraíso, e mesmo a Bíblia não tendo se referido ao idioma utilizado pela serpente para aconselhar aquele casal de privilegiados a consumir o “fruto proibido”, no mínimo deve ter rolado uma mímica nesse sentido.
Portanto, se até os animais ditos irracionais soltam o “verbo” para se comunicar, cada espécie fazendo uso do seu linguajar, alguns melodiosos, outros nem tanto, sem direito a poliglotas, por que um sujeito traçando sete línguas tem que ficar calado para fazer sua prece nesse mundo? Não seria um desperdício?
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