O Segredo Entre Colunas
As Ordens Secretas têm, em seus históricos, por idades sem conta, os trabalhos realizados por personalidades superiores, para aprimoramento, engrandecimento e evolução da humanidade.
Desde eras imemoriáveis, fala-se de suas atuações, muitas vezes, mudando, diametralmente, o destino duvidoso de um povo e, até mesmo, de uma nação. A formação e conservação da espiritualidade se têm estruturado entre essas instituições que servem de base às religiões e filosofias.
Delas transbordam conhecimento e sabedoria através da ciência do bem-viver na praticidade da vida cotidiana, social e profissional, estabelecendo-se pela cultura e educação na formação de todos.
Assim, apresentam-se e conservam-se incógnitas em meio à humanidade, tal qual a passagem pelo fundo do Mar Vermelho, sem se perderem em paixões e descalabros dos povos e nações.
Muitas dão a sua contribuição e retiram-se; outras transbordam os seus princípios e transformam-se, ajustando-se aos novos ditames da Lei, ditando novos conceitos e consciências, como verdadeiras Escolas Iniciáticas, que são, na formação e aprimoramento do novo edifício humano.
Como forma de "tratamento" interior, ligado à personalidade, acentua-se o domínio de si mesmo, das paixões e maus hábitos, que devem ser burilados através do silêncio, do segredo, da observação e aprendizagem, ou melhor, tendo como princípio basilar a Ética, representada pelo Trono de Salomão, que fica diante das colunas da Beleza e da Força.
A Ética, por sua vez, tem como suporte as colunas da Moral e da Política, em sustentação aos alicerces da Casa do Pai ou Templo do Grande Arquiteto do Universo. A formação desses esteios deve-se às quatro potências dentro de cada um: o saber, o querer, o ousar e o calar, em que já devem iniciar, trabalhando, os Aprendizes.
O conhecer é noção, informação, etc., está voltado à memória, ao plano intelectual; o Saber está ligado, intimamente, à sabedoria, à atuação da inteligência pela experiência da espiritualidade.
Já, entre os Companheiros, a composição se constitui pela forma: para saber é preciso querer, para querer é preciso ousar, para ousar é preciso calar e, para calar, é preciso saber, firmando, assim, pelo Oroboros, sob a Árvore da Vida, o burilamento da personalidade.
Aos mestres, pretende-se, nos seus primeiros passos no grau, além dessa conjugação, a forma precisa para submeter essas forças na construção dos degraus para alcançar o céu, o seu Deus Interior, dentro de si mesmo.
A transmutação dos vícios em virtudes faculta-lhes, pelo subconsciente, erigir templos às virtudes pelos quais se pode falar diretamente com Deus.
A política, como Quinta-essência, já deve estar operativa desde os primeiros graus e degraus, em cujo ápice da sabedoria a Ética rege a todos, levando ao calar-sabendo pela consciência do dever a ser cumprido, trabalhando e conquistando novos níveis da evolução.
O grande segredo reside no conhecimento, respeito, disciplina e ordem, que mantêm os Irmãos entre colunas, em união e perfeita fraternidade. Nesse estado de Vigilância dos Sentidos, exige-se não poder exaltá-lo aos quatro ventos, pois o que a mão direita faz a esquerda, instintiva e passional, não deve saber, por conta das energias caóticas, que imperam na contramão
do progresso e da evolução.
Na realidade, o grande mistério está dentro de cada um, donde não devemos deixar aflorar os maus hábitos da política interesseira, degenerativa e partidária do mundo profano em Loja, para não levar a Grande Barca a rumo ignorado.
O saber-calar, sob a égide do querer-ousar, dentro do Cerimonial ou Oficina, faz-se aguardando o momento justo para dizer, dar o seu depoimento, mostrar ciência, o que deve ser para o aprimoramento moral e espiritual de si e de todos.
Tudo a seu tempo, já nos aponta a sabedoria popular, arremetendo-nos contra certas decisões, tomadas pelo ímpeto instintivo, o que, invariavelmente, acaba quebrando a harmonia e o equilíbrio da espiritualidade reinante.
Consciência pelo bom senso é mais um degrau da conjugação indicada, para que possamos levantar templos às virtudes e sublimar os maus hábitos pessoais, cavando, cada vez mais fundo, a mente subconsciente, para, ousar-sabendo, submeter os vícios ao equilíbrio da vida-consciência.
Eliseu Mocitaiba