O paradoxo da tolerância na Maçonaria
O reflexo disso, num cenário em que deve-se considerar diversos fatores, como a persistente crise política e econômica; os casos de corrupção e toda sua exploração midiática; o crescimento da classe média por meio da ascensão de uma nova classe C, com acesso a informação, mas sem escolaridade; tem sido uma maré alta e persistente de intolerância e ódio, escancarada a cada momento que se acessa redes sociais e lê-se as notícias atuais.
O filósofo Karl Popper, um liberal, defendia que a parcela tolerante da sociedade não pode ter tolerância ilimitada com os intolerantes, por risco de condenar a tolerância à morte. Outro filósofo e liberal assumido, John Rawls, corroborava ele, ao defender que é dever da sociedade tolerante preservar seus membros e instituições de toda e qualquer investida de intolerância, externa ou mesmo interna.
Na Maçonaria, ensina-se a tolerância, mas também prega-se o combate à tirania, à ignorância e ao fanatismo, que são causas e consequências da intolerância. Entretanto, em vez de combater, muitos irmãos têm “entrado na onda” e feito coro em discursos de ódio. Cabe à Maçonaria (ou seja, nós, maçons), não promover “o silêncio dos bons”, mas instruir esses irmãos, aconselhá-los e, quando necessário, repreendê-los. Ainda, se a intolerância persistir, afastá-los, de modo a preservar os bons maçons (tolerantes e, geralmente, silenciosos) e, principalmente, a sublime instituição maçônica e seus princípios morais, que devem se manter imaculados. Pois, se um maçom discorda do princípio maçônico da tolerância, desejando que a única tolerância seja aquela dos demais perante à intolerância dele, se ele se sujeita aos vícios da ignorância e do fanatismo, ou é favorável à tirania, seu lugar não é entre nossas colunas.
A intolerância, enfim, matando a tolerância. O individual sobrepujando o coletivo. E a maçonaria morrendo aos poucos. Por essa razão: tolerância zero à intolerância dentro e fora da Maçonaria.
Kennyo Ismail