O MESTRE INSTRUTOR

Nas corporações de canteiros e pedreiros, o noviço para sua aprendizagem sob o guia de um mestre da arte ao qual se confia para que faça dele um obreiro capacitado, obrigando-se este a servi-lhes por certo números de anos, sendo todo o trabalho realizado durante este tempo por conta de seu mestre.

Uma vez que o aprendiz cumpriu o tempo fixado e seu mestre estava satisfeito dele, este o apresentava aos demais como um obreiro devidamente preparado, e ao qual se podia confiar qualquer trabalho, e desde deste momento podia ser contratado livremente recebendo o salário que lhe correspondia. Viajava então para praticar a arte e aperfeiçoar-se na mesma e, à medida que crescia sua habilidade no uso dos diferentes instrumentos, chegava a emancipar-se gradualmente das regras que havia respeitado em seus primeiros passos, adquirindo a genialidade que fazia dele um artista.

A cerimônia de recepção no segundo grau maçônico reflete em seu simbolismo estas etapas de trabalho e de experiência que constituem o programa iniciático do companheiro, a mística fórmula que deve este compreender e realizar por meio do esforço pessoal, que é a base de todo o progresso.

Igualmente em toda a forma de ensinamento teórica ou prática, e de maneira especial no ensinamento iniciático, o noviço ou discípulo tem que se submeter ao guia particular de um Mestre Instrutor que dirija e vigie seus passos e esforços sobre a senda de progresso, até que alcance a capacidade de caminhar por si mesmo, sem a necessidade de que seus passos sejam continuamente vigiados.

Assim se fazia nas iniciações antigas, confiando-se todo neófito a um guia particular que lhe instruía e respondia por ele, e por meio da instrução recebida e das capacidades adquiridas, quando seu instrutor o achava conveniente, lhe dava ou reconhecia o segundo grau que fazia do misto um ponto ou "vidente", preparado e capacitado para realizar a segunda parte do programa, encaminhando-se gradualmente por seus próprios esforços e sob a guia de sua própria Luz interior, para o Magistério.

O mesmo deveria fazer-se em todas as Lojas Maçônicas, quando se queira levar a cabo um labor efetivo, sem deixar nunca aos Aprendizes entregues a si mesmos, ou ao cuidado geral do Segundo Vigilante. Uma vez reconhecidas suas capacidades e tendências particulares, o Mestre da Loja deveria confiar cada Aprendiz a um Mestre Instrutor, ocupado diretamente de sua instrução e progressos. E só quando a juízo deste os avanços são efetivos e há compreendido o essencial da Doutrina Maçônica do primeiro grau, e seria proveitoso os estudos dos novos símbolos que se relacionam com o segundo. Então deveria propor, na Câmara respectiva, para um aumento de salário.

Como o curto prazo dos simbólicos cinco meses que se lhe assina a estância no primeiro grau, é em geral insuficiente para que se adquiram os conhecimentos indispensáveis para sacar proveito de um novo estudo, é desejável, para o bem da Instituição e dos mesmos interessados, que se prolongue este prazo a um ano quando menos, pois só com esta condição se evitará que se encham de elementos maçônicamente inexperientes, as colunas de Companheiros e Mestres. De que pode servir ao Aprendiz adquirir privilégios e conhecimentos deste grau quando, todavia não estudou e meditou o suficiente o simbolismo e o significado do grau de Aprendiz?

Fraternalmente,

Virgilio Pinto Neto
Mestre Maçom (Instalado)
ARLS "Calixto Nóbrega", Nº 15.
Sousa - PB - Grande Loja Maçônica do Estado da Paraíba- (GLMEPB) - Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA)