O Justo e Perfeito de uma Loja

Quando nos deparamos com a citação que uma Loja deve ser “Justa e Perfeita” devemos entender que na verdade se trata de uma orientação com diversas partes, estamos abordando princípios organizacionais, filosóficos, simbólicos e documentais, sendo que sem estas particularidades a Loja não pode ser considerada regular.

Para os praticantes do rito York um dos pontos básicos é justamente a formação do espaço físico da sala de loja, tendo as três grandes Luzes (Livro da Lei, Esquadro e Compasso), mas também outros elementos como mobílias, joias fixas e móveis, além do entendimento sobre seus procedimentos quanto a ritualística que deve ser fidedigna para com seu rito.

Sobre a forma e universalidade de uma Loja a resposta é a seguinte, uma Loja apresenta como medidas do Leste ao Oeste, do Norte ao Sul e do firmamento ao centro da terra, tal declaração trata na verdade de uma edificação filosófica que indica que a maçonaria e os seus obreiros são universais, podendo atuar e ser reconhecidos no mundo todo por sua ação regular diante de todos seus iguais.

A formação deve apresentar a constituição do Templo de Salomão, orientação lendária que faz com que os maçons reconhecem o templo de citação bíblica como referência de justiça, organização e perfeição, sendo que assim a formação de uma Loja nos permite evolução como maçom e o combate aos vícios, fortalecendo nossas virtudes.

Mas não é somente disto que se trata, devemos ter em mente que para que uma Loja possa atuar deve contar com no mínimo sete maçons, onde três governam, cinco compõe e sete completam a formação necessária para que tudo transcorra de forma perfeita e prevista pelo ritual, mas ainda devemos entender que tais funções apresentam atribuições particulares aos oficiais que ali estão para o trabalho.

Quando conseguimos reconhecer que a formação de uma Loja passa por fatores documentais estruturais e ainda ritualísticos estamos dando um grande passo, estamos contribuindo para o fortalecimento de uma organização antiga e que ainda hoje mantém sua tradição para o bom andamento de formação da rede maçônica que une todos os irmãos no mundo.

Ainda dentro de tal proposta, devemos lembrar que uma oficina deve ser instituída com os preceitos de uma hierarquia, seguindo sempre os princípios destacados, seja por sua constituição interna, o chamado estatuto da Loja, ou ainda pelas leis determinadas pela Potência, bem como a liturgia aplicada pela ritualística do devido rito praticado.

Não se permite profanar o ritual, mudar por conta própria as convenções estabelecidas, se por algum motivo tal situação ocorrer, cabe aos diretores da Loja e os irmãos do quadro formado debater e orientar para o retorno de segmento as regras que estão ali para confirmar o bom andamento e a regularidade dos maçons.

É dentro de uma loja que um maçom trabalha para elevar suas virtudes, por este motivo que ali devemos manter uma concordância e a organização de moralidade que deve mover todos os irmãos, é neste local que se forma o ponto basilar do mundo maçônico, a retidão das ações é ponto capital para todos que frequentam tal local, uma sala de loja é a formação de uma congregação e sem isto não se pode instituir a justiça e a perfeição almejada. Sim, sabemos que entre homens, mesmo os livre e de bons costumes pode ocorrer pontos de discordância, mas devemos lembrar que estamos caminhando para uma melhoria de nossas atitudes, por temos que ter certeza de que ali vamos praticar alguns itens fundamentais como a tolerância, amor e concórdia e ainda a elevação de pensamentos para que possamos nos tornar mais dignos em nossa conduta como maçons que somos.

Em uma Loja procuramos educar nosso espírito, praticar a solidariedade, reconhecer nossos limites e ainda pedir ajuda para que possamos entender nossas necessidades, o simples fato de nos reconhecermos como falhos já nos leva a uma busca pela formação de uma Loja Justa e Perfeita, mas lembremos sempre que nosso caminho é inviavelmente constante e não devemos nos perverter.

Ao praticar a ação fraternal entre os obreiros, estamos aprofundando os laços que nos unem, identificando em cada irmão a propriedade mais digna e correta que devemos seguir e usar como reflexo para nossas atitudes, quando ocorrer asperezas, então devemos nos orientar, seja por meio de uma atuação direta, reconhecendo o problema e resolvendo ou ainda pelo apoio dos nossos dirigentes, afinal ali estão para manter o bem desenvolvimento.

O templo maçônico é um local onde podemos aplicar de forma mais marcante nossa condição como maçom que somos nossos paramentos e nossas joias ou insígnias são meros instrumentos de ritualística, devemos nos desprender de atuação abomináveis como doutrinação, mesquinharias ou ainda de formulações de conceitos que nos levem ao desacordo que somente vai gerar conflitos.

Uma questão de relevância é justamente quando o Venerável Mestre destaca que os trabalhos ao serem iniciados não é permitido a intemperança, ou debate que possa trazer desarmonia como questões políticas, religiosas ou qualquer situação que irá percutir em desordem, por isto uma loja que se atribui ser justa e perfeita não deve permitir o sectarismo ou qualquer condição que traga para suas fileiras o desamor e a falta de convívio.

Adriano Viégas Medeiros
ARLS. “Labor e Concórdia” Nº 146
GOSC-COMAB
Fonte: Jornal do Aprendiz