O Ímpeto da Crítica e a Palavra que Constrói
Toda vez que você tiver vontade de criticar alguém, olhe para suas próprias misérias e transforme a crítica em exame de consciência.
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As mídias sociais tornaram-se um tribunal em que pessoas comuns, que se consideram moralmente superioras, julgam e censuram outras pessoas comuns em troca de sua dose diária de dopamina, entregue pelas plataformas no formato de curtidas e compartilhamentos.
Até que ponto a validação social que cada vez mais gente busca na internet está comprometendo nossa capacidade de estabelecer relacionamentos reais e frutíferos?
Nossas palavras são causa e reflexo do que se passa em nossos corações. A sabedoria popular nos ensina que a boca fala daquilo de que o coração está cheio.
Os primeiros filósofos gregos queriam entender se a realidade tinha causas e princípios. Os diferentes caminhos de investigação e as conclusões a que chegaram são fascinantes.
Heráclito de Éfeso, por exemplo, propôs um nome ao princípio ordenador da realidade: lógos. Heráclito comparou o mundo a um discurso que devemos escutar, compreender, e interpretar. O lógos é portanto a “fala”, o “discurso”, a “palavra” que dá sentido à realidade na qual estamos inseridos. É o primeiro registro do termo com este significado. Mais tarde, a mesma noção será reinterpretada sob a luz da revelação cristã e irá aparecer na primeira frase do Evangelho de São João: En archē ēn ho Lógos. "No princípio era o Verbo", como tradicionalmente traduzimos em português.
O ser humano é a criatura dotada da capacidade de usar a palavra para ordenar seu mundo interior, para conceber a realidade e para se relacionar com outros seres humanos. Construímos nossas pontes com a realidade por meio da palavra. É necessário, portanto, refletirmos com seriedade sobre o significado das palavras que temos pronunciado. Elas constroem ou destroem? Enriquecem ou empobrecem?
Nossos ambientes, reais e virtuais, já têm críticos e juízes demais, sejamos encorajadores de pessoas. Palavras de compreensão, palavras de perdão, palavras de estímulo, palavras de encorajamento, palavras que apontam novos rumos, palavras que comunicam um conhecimento, palavras de amor, todas elas são capazes de melhorar a vida ao redor.
Eis o meu convite: por que não trocar a maledicência pelo incentivo, a crítica pelo reconhecimento, a censura pelo desenvolvimento pessoal?
Um exercício prático
Toda vez que sentir vontade julgar alguém, pare e reflita por um instante: "como EU poderia ser melhor neste ponto que desejo criticar no outro?”
Enxergar que também não somos grande coisa nos ajuda a evoluir.
Imagine se a cada vez que você tiver vontade de falar mal de alguém, você optar por dar um passo na direção de desenvolver suas próprias virtudes.
Calar e melhorar a si mesmo, repetidamente ao longo de muitos anos.
Que tal transformar a maledicência em combustível para a sua própria evolução?
Imagine os resultados.
Kaio Serrate
Este artigo foi originalmente publicado em linkedin.com/in/kaioserrate
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