O Aprendiz

O primeiro grau da Maçonaria na chamada loja “simbólica” é o Aprendiz. Chegar a ele é aceitar o princípio da iniciação.

A iniciação do Aprendiz

Dentro de uma comunidade iniciática, a iniciação pressupõe a transmissão de um “segredo” através de símbolos expressos por um ritual que fará do profano um verdadeiro iniciado no grau de Aprendiz maçom.

A primeira das qualidades que faz com que o iniciado (Aprendiz de maçom) seja reconhecido como tal, é, sem dúvida, a aquisição e prática de valores morais. Esses valores estão em um nível geral e vão muito além do que é certo ou errado.

Para participar dessa cerimônia de recepção, o profano vem de livre e espontânea vontade buscar conhecimento e luz, o que tornará o caráter ativo de seu Aprendizado através da prática de ritos de iniciação. É através de uma sucessão simbólica de mortes e ressurreições que a iniciação se torna uma passagem do tempo para o não-tempo. O iniciado-Aprendiz maçom, no curso de suas sucessivas mortes e ressurreições simbólicas, torna-se cada vez mais presente no outro mundo, este mundo oposto ao mundo da aparência e ao ciclo temporal.

O renascimento

O iniciado, durante sua iniciação, deve operar sobre si mesmo uma transmutação semelhante à dos alquimistas. É responsabilidade do futuro Aprendiz completar a primeira parte com o ritual do grau, que traça um programa fiel das operações a serem realizadas para esse fim. O caminho iniciático para o qual o iniciado avança baseia-se em valores essenciais sem os quais é impossível perceber e viver o sagrado com força e verdade. O iniciado possui apenas parcialmente esses valores. O profano, para se tornar um Aprendiz maçom, deve, portanto, ser iniciado. Ele é apresentado a um lugar isolado (câmara de reflexão) para refletir e se despir de todos os seus metais. O homem que aspira a ser livre deve desapegar-se das coisas fúteis. Sem fazer voto de pobreza, é bom lembrar que a ganância é o pivô de todos os vícios.

V.I.T.R.I.O.L

O primeiro símbolo, presente na câmara de reflexão é V.I.T.R.I.O.L. “Visita Interiora Terrae, Rectificandoque, Invenie Occultum Lapidem” (Visite o interior da Terra, e ao retificar-se – através de purificações – você encontrará a Pedra Oculta – a pedra oculta dos sábios)  encontrado pelo candidato convida à busca do Ego profundo, que não é outro senão a própria alma humana, em silêncio e meditação. Para perceber a luz da vida dentro de si, o iniciado deve estar silenciosamente em contato com seu ser interior, com sua alma, daí o silêncio que lhe será imposto.

Como uma criança ao nascer, o profano deixa a câmara de reflexão depois de ter abandonado algumas roupas, para reaparecer com o coração descoberto, marcando assim que nenhuma restrição egoísta o isola do resto da comunidade. O joelho direito exposto indica os sentimentos de piedade filosófica que presidem a busca da verdade. O pé esquerdo descalço lembra-lhe o costume dos orientais que tiravam os sapatos antes de pisar o chão de um recinto sagrado. Privado de seus metais, despido de parte de suas roupas, de seus olhos cobertos com uma venda nos olhos, o profano nascido livre e de bons costumes manifesta então sua intenção de participar de sua iniciação.

Introduzido no Templo ele nada vê, só pode sentir. Depois de ter passado pelas provações iniciáticas, receberá a Luz para assumir o seu compromisso solene e dedicar todas as suas forças ao triunfo da justiça, a amar os seus irmãos, os ajudar de acordo com as suas possibilidades e a se submeter às leis. Verdadeiramente livre e digno do título de iniciado, o Aprendiz de maçom se esforçará para aprofundar o significado do cerimonial, tal como ele se desenrola diante dele. Através de pesquisas conseguirá adquirir ciência, arte, técnica, consciência pessoal e coletiva: uma cultura. Ele contribuirá com sua atitude para aprofundar o recolhimento em meio ao qual as outras iniciações serão realizadas.

O número 3

É assim que o Aprendiz de maçom será reconhecido por seus irmãos e quando lhe perguntarem onde foi recebido, ele responderá: em uma loja justa e perfeita. Essa resposta é baseada na ciência básica. A iniciação maçônica ensina que a loja na qual o homem foi recebido é a sua própria forma corporal, que é o Templo de sua inteligência.

Esta forma tem em sua origem o número 3 que expressa especialmente os três princípios fundamentais simples de toda corporização, chamados enxofre, sal e mercúrio, e dos quais o corpo do homem deriva sua origem como todos os outros corpos de natureza elementar.

Estes 3 Princípios se manifestam nas diferentes substâncias que o compõem, e é com razão que se reconhece a presença de enxofre ou fogo no fluido chamado sangue; o do Princípio do Sal ou da Água nas partes moles ou insensíveis; e a de mercúrio ou terra nas partes sólidas ou obscuras. Nesse sentido estritamente verdadeiro, 3 formam a loja do homem, isto é, seu invólucro material.

Esse número e outros são onipresentes na Maçonaria. Também é dito ao Aprendiz de maçom: “Não te esqueças que para aperfeiçoar o teu conhecimento deves remeter-vos às Escrituras”. Pois quem bebe da fonte da Escritura pode compreender a real natureza do sagrado e seu simbolismo e, assim, compreender a busca do homem pelo desejo de descobrir a Verdade. Este é o objetivo do recém-iniciado Aprendiz maçom.

Armand Poille
Tradução: J. Filardo

Fonte: https://bibliot3ca.com/