MELINDRE MAÇÔNICO – PRÍNCIPE DA ORDEM
A maçonaria tem por princípio a tolerância mútua, respeito aos outros e a si próprio, e as concepções metafísicas como sendo do domínio exclusivo da apreciação individual nossa, e por isso recusamos toda afirmação dogmática. Ela combate a tirania e a ignorância e neste contexto, em tudo o que se diz e apresenta, procura ilustrar publicamente os princípios do livre pensamento e do respeito universal pelos direitos de cada membro - coletivo e individual.
O combate ao melindre maçônico começa na iniciação maçônica, quando o neófito recebe seu Avental. O Avental é a peça do vestuário maçônico obrigatória. Nenhum maçom poderá entrar no Templo maçônico sem estar adornado com o Avental. Essa peça é considerada “protetora” em todos os sentidos. Inicialmente, visava proteger o órgão sexual; era um avental de couro espesso; os forjadores usavam-no para proteger-se das faíscas que soltavam de ferro em brasa ao ser moldado com o malho.
O iniciado, durante a cerimônia de sua iniciação, ao ser recebido em Loja, recebe um Avental simbólico, representando a pureza e a inocência; inicialmente, este avental era confeccionado em pele de carneiro, simbolizando a “fragilidade” e a “infância”, pois o recém-iniciado, também é considerado um “recém-nascido”. No Rito Escocês Antigo e Aceito – REAA, cada grau possui Avental diferente, repleto de símbolos que caracterizam a posição do maçom dentro do grau. Essa peça assume grande relevância, pois a análise de todos os seus aspectos revela que cada um desses simboliza situações materiais e espirituais, sendo algumas esotéricas.
Mas afinal, o que tem haver o melindre maçônico com o Avental maçônico? Infelizmente, existem maçons que passaram pela Iniciação, mas continuam profanos, por não terem visto a verdadeira Luz – e têm dificuldade em aceitar os ensinamentos maçônicos.
O Avental maçônico é o símbolo do trabalho, e quando na Iniciação ouvimos do Venerável Mestre: "Sentemo-nos" (entregando o avental ao Mestre de Cerimônias) - "Irmão Mestre de Cerimônia, revesti o nosso Irmão que (acaba de ver a Luz) com este Avental; e vós meu Irmão, tomai e usai esse Avental, a que chamamos vestido, que grandes homens, verdadeiros benfeitores da humanidade, se honraram de trazer. Com ele devereis estar sempre revestido durante as sessões. É o símbolo do trabalho e vos lembrará que deverá sempre ter uma vida ativa e laboriosa"
O melindre tem várias definições. Pode ser definido como amabilidade, delicadeza no trato, recato, pudor. Portanto, nas várias facetas do trabalho voluntário, melindre tem sido utilizado para justificar defecções. Atualmente a maçonaria tem enormes dificuldades com a presença dos irmãos para compor os cargos em nossas Lojas, em nossos Templos, principalmente os Irmãos de altos cargos na vida profana e de alguns Irmãos políticos. Será que só fazendo seus pagamentos, estar em dia com suas obrigações pecuniárias é o suficiente? Será que esses Irmãos não têm condições de usar seu Avental de trabalho pelo menos uma vez no mês?
Na maçonaria trabalha-se a igualdade, mas infelizmente, alguns Irmãos se melindram pela facilidade de magoar-se; pela satisfação de vaidades pessoais ou birras. Se melindre é a manifestação do orgulho ferido, não menos verdade que medra, entre as criaturas, muita falta de tato, delicadeza e gentileza. Quem se melindra, deve trabalhar para se tornar menos susceptível. Mas quem provoca o melindre não pode se esquecer da lei de caridade, da benemerência, da afabilidade e da doçura preconizada por Jesus: “Bem - aventurados os mansos e pacíficos”.
Não devemos ser da mania do politicamente correto, mas um principio básico da vida em grupo, em sociedade. Se queremos alardear uma "verdade', estejamos prontos para prová-la, para torná-la óbvia. Se isso não puder ser feito (e uma coisa não poder ser provada não quer dizer que ela seja falsa), então tenhamos a humildade de ver que é uma posição nossa.
O importante disto tudo é nos mantermos fiéis às nossas sagradas palavras, pois depois da tempestade vem a calmaria. O Templo é a Loja e neles as palavras, os gestos e o vestuário têm um significado especial em nossa vida maçônica, qualquer coisa entre o divino e o terrestre, que faz perdurar a crença no seu Superior, Criador dos Céus e da Terra, a que humildemente chamamos de "GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO".
José Valdeci de Souza Martins