Ensinamentos da Maçonaria

Muitas pessoas ficam decepcionadas com a maçonaria devido a que, se dão conta que longe das palavras de passe, toques, ou alguns símbolos, parece que pouco têm a ensinar. Seus símbolos, alegorias e demais princípios parecem ensinar coisas muitos simples, que se aprende em quase qualquer outra sociedade, ou fraternidade; no entanto, a finalidade da maçonaria, não é ensinar, senão garantir um sistema de moral pelo qual possamos ser melhores pessoas, é dizer, se trata de um sistema ético, que por sua natureza, oferece certas ferramentas a seus integrantes a efeito de que eles mesmos possam construir sua personalidade e projeto de vida em benefício dos demais.

A famosa frase “nem todos podem ser maçons”, se deve ao caráter ambíguo de nossa instituição. Longe de ensinar, deixa que seja o próprio recém-iniciado quem dê um sentido a seus símbolos e alegorias.

Deixa que o novo aprendiz se esculpa a si mesmo, de maneira que possa ser aquela “pedra viva do edifício espiritual, não feito com as mãos, e eternos nos céus”. Esse caráter construtivo tão universal e frequente na história da humanidade, é a essência em nossa instituição. É por isso mesmo que defrauda a vários que são iniciados, e que só entraram por curiosidade, já que longe de oferecer-lhes o céu, as estrelas, a magia, os segredos comprometedores da história, somente podemos outorgar-lhes as ferramentas para serem melhores pessoas.

Porém é essa prática interpretativa, onde se encontra o encanto de nossa Ordem, e pela qual está reservada só aos melhores, é dizer que, as pessoas criticas, que constantemente estão buscando aperfeiçoar-se na arte de viver.

O enfoque hermenêutico e axiológico da maçonaria atende principalmente o âmbito simbólico do Ser humano, de onde se pode chegar ao inconsciente. É por isso que a maior parte dos princípios e significados dos símbolos dessa instituição são tão generalizados ou ambíguos, a ponto de que seja o maçom quem consiga aprofundar em seu interior de modo a dar maior Luz aos mesmos. Não se trata de qual significado, chegando ao extremo de um relativismo incondicional, se não que sempre busca que tudo seja harmônico, a ponto de unificar experiências e enriquecer a seus membros. A titulo de exemplo, o esquadro, pode simbolizar em uma primeira acepção a justiça; e a régua nos pode dar sentido de retidão, porém seria absurdo crer que este é o único significado, já que aplicar cada sentido na vida diária, nos veríamos submetidos a grandes dificuldades, onde inclusive os princípios morais de nossa instituição colidiriam um com os outros.

Voltando ao tema, não podemos outorgar qualquer significado a nossos símbolos, e unindo-nos a Dworkin, o objeto da interpretação nas ciências sociais, assim como nas instituições, é outorgar o melhor significado possível, tomando em conta a prática social a interpretação, é dizer o sentido que em dando um determinado contexto, a ponto que não ultrapasse ou seja inadequada para cumprir seu objetivo ou finalidade

Podemos ver que apesar de existirem vários sistemas morais, isso não é obstáculo para que se possam articular significados que a sociedade não possa aceitar.

A maçonaria não busca verdades absolutas, porque sabe que isso não é possível na interpretação; somente se pode falar de um sentido de correção, com base num sólido sistema de argumentação.

Outorgamos sentido na base a antecedentes e a um contexto determinado, eliminando interpretações que possam ser ridículas, porém isso sem antes haver legitimado dentro dos âmbitos que vamos criando ou recriando, aqueles significados que estamos realizando.


O maçom é parecido a um paradigma do filósofo que ilustra Platão, à porta de uma caverna, que após ter indagado o sentido do mundo, e obtido um grau de iluminação, desce novamente à escuridão para iluminar aqueles que ainda seguem a ignorância.

Sabe ele que é um trabalho árduo longe de existir alguém, que nos dê as respostas corretas. Só nós, temos uns aos outros para compartilhar nossa experiência e perspectivas do mundo, a fim de dar significado a esse quebra cabeças da vida. 

Germán Cardona Müller
 

Tradução: Laurindo R. Gutierrez