Em direção ao outro
É frequente nos depararmos com situações de conflito nos âmbitos pessoal, profissional, social e mundial. Os noticiários estão cheios de notícias desse tipo. Vimos pessoas do nosso lado e do outro lado do mundo que lutam por defender seu ponto de vista de maneira individualista. Parece que o individual está em voga, assolando a humanidade, ficando de lado o olhar para o outro.
Esse individualismo exacerbado chama atenção de alguns que se opõem a esse cenário e provocam movimentos contrários e humanizados que surgem na tentativa de restaurar o respeito entre as pessoas. Exemplo disso foi o Museu da Empatia que aconteceu em Londres, onde os visitantes caminhavam vestindo sapatos de outras pessoas enquanto escutavam em um iPod a história do dono do sapato. Versões como essa também parecem repercutir intensamente nas mídias, provocando a reflexão e a consequente abertura para o outro; geram entusiasmo para uma transformação, pois percebemos que ainda existem aqueles preocupados em desenvolver a empatia.
A palavra empatia vem do grego “en” (em) mais “pathos” (sentimento) e significa nos permitirmos estar com o sentimento do outro sem valores morais e julgamentos de ordem intelectual É estar com o sentimento sentido e vivido do outro. Isso aproxima e gera respeito. No entanto, a empatia só surge quando permitirmos interagir com o diferente. Do contrário, não há força que derrube a barreira da diversidade entre dois seres humanos. É se despir de pré-conceitos e valores sobre aquela pessoa, sobre o mundo, sobre você mesmo; perceber suas próprias diferenças, limites e dificuldades de maneira clara e honesta e como isso transforma seu olhar, tornado-se mais flexível e aberto o experimentar outros pares de sapato.
A dificuldade em enxergar o ponto de vista alheio e considerar as experiências e sentimentos dos outros é a base de todo preconceito, conflitos pessoais e sociais. A empatia, nesse sentido, se mostra uma aliada na construção de relações construtivas e respeitosas.
Ela nos auxilia a desprender dos nossos padrões rígidos e repetitivos, pois passamos a considerar um mundo que não existia. Auxilia-nos a restaurar a paz entre os humanos.
Carl Rogers dizia: “quanto mais aberto estou às realidades em mim mesmo e nos outros, menos me vejo a tentar a todo custo remediar as coisas […]. Sinto-me muito mais feliz simplesmente por ser eu mesmo e deixar os outros serem eles mesmos”.
Bárbara Torelly Garcia
Psicóloga
Publicado originalmente no “Notícias do Dia” - Opinião.