E os obreiros estão satisfeitos?

Esta é pergunta realizada no final de uma Sessão Maçônica, depois dos Vigilantes da Loja afirmarem que tudo está “justo e perfeito” nas Colunas do Norte e do Sul.

Antes dos Irmãos afirmarem que estão satisfeitos, o 1º Vigilante define o porquê da ocupação da 1ª vigilância: “Assim como o sol se oculta no ocidente para terminar o dia, assim aqui tenho assento para fechar a loja, pagar os obreiros e despedi-los contentes e satisfeitos”.

A satisfação é o “ato ou efeito de satisfazer(-se); contentamento, prazer advindo da realização do que se espera, do que se deseja”, sendo isto, a definição detalhada no dicionário.

Podemos daí ter uma série de questionamentos a respeito da satisfação. Várias delas são: 

Será que todos os Irmãos estão satisfeitos? A Sessão foi tão boa que todos se sentiram bem? Não houve fatos que desagradaram os Irmãos durante a sua execução? Será que não houve um chamamento de atenção de um Irmão que acha que tem a sabedoria suficiente para estar corrigindo atitudes em público, desanimando e fazendo uma desarmonia? Ou, umas palavras ásperas que foram ditas em relação a uma peça de arquitetura elaborada por um irmão que o fizeram ficar triste? São muitos os questionamentos em relação à satisfação dos obreiros em uma sessão.

Ocorre que a pergunta que o Venerável Mestre faz ao 1º Vigilante, em relação à satisfação, é decorrente do cargo que ocupa, relacionando-o ao simbolismo do “sol” que, no final do dia se oculta para terminar sua missão: “E os obreiros estão satisfeitos”? E em um gesto simbólico os Irmãos fazem um sinal rápido de aprovação, batendo nos seus aventais.

Esse sinal representa simplesmente uma gesticulação simbólica, porém, na realidade, não representa uma satisfação plena, mas um movimento de aprovação simbólica de uma sessão maçônica.

Como diz o Irmão Renato Krile em sua Peça de Arquitetura: “É a mais e pura prática de tolerar! Percebe? Mesmo que eu tenha ressalvas, vou entender que minha insatisfação, não deve interferir no encerramento Litúrgico da reunião… essa tal satisfação é muito mais abrangente que pensamos, ela é espiritual, não pontual e material, vai além das nossas fraquezas, das nossas faltas, das nossas preocupações. É meramente alegórica, simbólica, e não deve interferir no encerramento da reunião!”

E parece ser mesmo uma pura prática de tolerância, haja vista o tempo colocado para os irmãos se expressarem na hora da palavra, e muitos exagerarem em suas falas sobre assuntos, principalmente, quando em relação a assuntos polêmicos.

Assim é de se perguntar: Realmente o Irmão está satisfeito?

A cada sessão se coloca uma prática muito importante da vida de cada um: tolerância. Ela faz parte da vida em sociedade. Dizem que a “tolerância é a harmonia na diferença. Não é só um dever de ordem ética, é igualmente uma necessidade política e jurídica. A tolerância é uma virtude que torna a paz possível e contribui para substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz".

Assim sendo, essa prática semanal permite que cada um pratique essa virtude e saia realmente satisfeito de cada sessão, permitindo que nos ausentemos daquele meio com mais satisfação, alegria e disposição.

Juarez de Oliveira Castro
Mestre Maçom (Instalado)
ARLS∴ “Alferes Tiradentes” Nº 20 da M∴R∴ Grande Loja de Santa Catarina
Florianópolis-SC