As musas na mitologia grega
As musas são figuras mitológicas da Grécia antiga, cujas origens são disputadas por diferentes versões. A mais comum delas dá conta de que Zeus (ou Júpiter, na versão romana) se enamorou de Mnemósine, filha do Céu e da Terra e personificação da memória, pelo período de nove noites. Nos noves meses seguintes, Mnemósine deu à luz nove filhas.
Cada uma das filhas tinha a função de inspirar o culto de uma atividade artística. Uma das mais conhecidas é Calíope, a musa da poesia épica, invocada por todos os escritores de epopeias. Clio era a musa da história, a qual inspirava os escritores de feitos heroicos. Euterpe era a musa protetora da música (flauta e poesia lírica), e Terpsícore era a inspiradora da dança.
Um exemplo de invocação às musas pode ser encontrado na Ilíada, de Homero, epopeia que narra a guerra de Troia. O poeta pede a ajuda das deusas para dar conta de transmitir com destreza artística os feitos que pretende narrar:
Dizei-me agora, ó Musas que no Olimpo tendes vossas moradas -
pois sois deusas, estais presentes e todas as coisas sabeis,
ao passo que a nós chega apenas a fama e nada sabemos -,
quem foram os comandantes dos Dânaos e seus reis.
A multidão eu não seria capaz de enumerar ou nomear,
nem que tivesse dez línguas, ou então dez bocas,
uma voz indefectível e um coração de bronze,
a não ser que vós, Musas Olímpias, filhas de Zeus detentor da égide,
me lembrásseis todos quantos vieram para debaixo de Ílion.
As musas eram personificações das faculdades artísticas. O sentido primitivo da palavra musa remonta a sememas referentes à lembrança, à meditação, à beleza, à ordem, ao espírito apolíneo (o mestre ou professor das musas era o deus Apolo). Elas eram as divindades que ajudavam os homens dotados de qualidades artísticas a refletir sobre as experiências humanas do passado, dar-lhes um sentido e transmitir sua lembrança para a posteridade.
Elas eram as responsáveis pela passagem do caos primitivo ao cosmos, isso é, pela introdução no mundo humano do conceito de ordem e beleza. Na música e na dança, por exemplo, elas inseriam a ordem (cosmos) relativa aos movimentos; na poesia e no canto a ordem relativa às palavras. Sem esta ordem não haveria harmonia ou melodia. As musas inspiravam também, além das artes, a ciência, a geografia, a matemática e a filosofia.
As musas foram incorporadas posteriormente pelos romanos como parte de seu panteão. Hoje, no uso corrente da língua, “musa” é aquela pessoa que inspira um artista, um músico ou um escritor. Sendo filhas da deusa da memória, Mnemósine, uma das funções das musas se relaciona ao registro, à recordação, à escrita histórica. A palavra museu, por exemplo, significa originalmente “santuário das musas”, isso é, um lugar onde as musas eram adoradas.
Glauber Ataide
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