Ao Venerável Mestre

A conduta e os predicados morais de um Venerável Mestre devem servir de exemplo aos que ele irá dirigir e de prestígio de sua Loja e da Ordem

Maçônica, na comunidade em que está inserida a mesma, no Distrito, na Região e na GLESP. Sua delicadeza e doçura no trato com os Irmãos devem aliar-se à incorruptível firmeza de caráter e a energia serena para exigir de todos a integral observância das Leis, comprometimento e participação.

O mês de junho, no calendário maçônico, caracteriza-se pelas Cerimônias de Instalações e Posses das novas administrações nas Lojas da jurisdição da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo – GLESP, conforme estabelece a Constituição, o Regulamento Geral e os Editais do Tribunal Eleitoral Maçônico – TEM.

É de boa prática os novos Veneráveis Mestres repassarem, em reflexão, o cerimonial de Instalação e suas promessas juramentadas; se instruírem pela literatura maçônica, principalmente, nas partes de nossos diplomas legais e litúrgicos que tratam dos atributos do Venerável Mestre, suas funções e responsabilidades; pautando sua conduta no simbolismo do Esquadro, evitando o predomínio da emoção e da imaginação sobre a razão, atuando com Nível da retidão de seus atos e com o Lápis da orientação e traçado de condutas exemplares e sublimares.

O comportamento do Venerável Mestre deve corresponder ao elevado cargo que ocupa.

Deve o Venerável Mestre ter consciência que é o Presidente da Loja e da Assembleia; ele dirige os trabalhos e, nesta função, está impedido de participar de quaisquer discussões, de nelas manifestar sua opinião e ou aprovação e reprovação, sendo e tendo a consciência de que é o voto de qualidade e minerva, em caso de possíveis empates nas votações. O Venerável Mestre deve, pelo simbolismo do Prumo, “não se deixar pender, nem pela amizade nem pela afeição para nenhum dos lados”.
Prescreve com muita propriedade e sabedoria sua conduta em quaisquer situações que tenha que conduzir.

“Passar o Malhete da Sabedoria a seu substituto imediato presente, quando tenha que tomar parte em qualquer discussão". Isto é de suma importância e elegância para que possa demonstrar sua imparcialidade e condução dos assuntos em discussão.

Do mesmo modo, os Veneráveis Mestres devem entender que não podem pedir “autorizações” ao Orador para “atropelar” a ritualística e a liturgia ou ignorar nossos Regulamentos Legais. O Orador não é a Lei, ele é o guardião da Lei; deve ser consultado para esclarecimento da Lei e não arbitrar a Lei.

A maior autoridade da Loja é o Venerável Mestre, sempre.

Já o discurso de conclusão dos assuntos é função especifica do Orador;
saudações a visitantes e autoridades maçônicas ou não e demais agradecimentos são atos de ofício do Orador, devendo, no momento oportuno, fazê-los a pedido do Venerável Mestre.

O bom senso recomenda que havendo extrema necessidade do Venerável Mestre responder à questões que se apresentem na tramitação de qualquer assunto, deverá fazê-lo antes das
“Conclusões do Orador”, pois, após as mesmas cabe ao Venerável
Mestre encerrar os assuntos; no máximo, havendo clima de instabilidade emocional resultado de algum debate mais acalorado, transmitir uma sucinta mensagem de paz, um conceito de virtude ou uma manifestação de estímulo, de concórdia, para o encaminhamento final das discussões e votações. Tem por atribuição suspender quaisquer discussões, antes das conclusões do Orador, que não tenham sido esclarecidas convenientemente, podendo suspendê-las por até trinta dias e tentar resolver as contendas neste prazo.

O Venerável Mestre deve dirigir os trabalhos com firmeza e sabedoria, todavia, sempre agindo com fraternal respeito e compreensão; evitando tanto a indulgência demasiada, como a excessiva severidade, cumprindo fielmente a ritualística de cada Grau. Infelizmente, este espírito moderador, às vezes, não é fácil de se exercitar e em alguns casos torna-se difícil executá-lo; sendo que, alguns Veneráveis Mestres se excedem em seus deveres, inclusive, incitados pela fala do Orador, nos momentos de finalização de assuntos e ou quando deve o mesmo se fundar, exclusivamente, na interpretação das Leis que regem nossa veneranda instituição.

Sugere-se ao Venerável Mestre, que antes de proceder ao encerramento ritualístico dos trabalhos, se dirija à assembleia com respeito e informações pertinentes e diga sempre que a presença de todos engrandeceu os trabalhos da Loja na oportunidade e que devemos estar presentes nas próximas atividades relatadas por ele, passivo – por força da ordem dos trabalhos não desordenar a Sessão com assuntos que deveriam ser matérias de partes da liturgia claramente organizadas no Ritual. Para deliberações de quaisquer assuntos deve-se utilizar a Ordem do Dia, onde todos terão o mesmo direito de manifestação de suas opiniões, apresentar suas propostas, discuti-las e votar.

Novo Venerável Mestre; lembre-se que a Loja é uma instituição democrática, onde a assembleia é livre e SOBERANA, sem se alterar nas resoluções aprovadas e, tão pouco, modifica-las e suspendê-las por interesse de uma minoria, vencida nas discussões e votações, mormente, se estas ocorrerem logo após as aprovações, não se deixar envolver por pretensos poderes inventados e ou arguidos por aqueles que aprovam determinadas matéria e se tornam arrependidos pelo feito, criando inúmeras distensões e desarmonia entre os demais membros da Loja, inclusive com falácias e ataques desnecessários à Loja e a seus membros. A secular frase “submeter a vontade e vencer minhas paixões” significa que o Obreiro deve submeter sua vontade aos deveres e não as vontades de outrem, e vencer as paixões indica não intensificar as emoções, sobrepondo-as à lucidez e à razão. Novo Venerável Mestre compreenda que o título honorífico simbólico concedido – VENERÁVEL MESTRE, jamais será maior que o real título conquistado – LÍDER.

Não deixe de se preparar adequadamente, pois, desde o mês de abril, momento de apresentação de sua chapa, objetivos e metas e até as eleições e posse, deverá se conscientizar de que sereis o LÍDER por um período de tempo determinado e fixo, ou seja, um ano. Podendo por interesse de todos ser prorrogado por mais um ano, porém, não é recomendável que isto ocorra, salvo se, condições imperiosas e necessárias ocorram durante o desenrolar da gestão.

Deveis vos lembrar que a Virtude é a expressão das potencialidades específicas de cada ser, para você, tenha a consciência de que sois o homem que estará em seu estado máximo de visibilidade, de afazeres e de demonstração de conhecimento, para todos os seus Irmãos e aqueles que estão à sua volta. Pois, temos a certeza de que esse estado é o meio mais seguro e consistente para que nos aproximemos do GADU.
A Virtude é, pois, idêntica à concretização da natureza do homem, a ciência do homem, portanto, é a ciência teórica em que se baseia a Ética. (Erich Fromm)

O Maçom, nas suas funções e objetivos não pode ser qualquer outra coisa senão sua capacidade de preservar-se e perseverar em sua existência e em seu aprendizado constante e eterno, lapidando a sua pedra. Os que assim agem é que conquistam e crescem e conquistam as coisas boas e nobres da vida, conquistam o respeito de seus pares e líderes.
Lembre-se sempre que:

“POR MAIS HUMILDE QUE SEJA, UM BOM TRABALHO INSPIRA UMA SENSAÇÃO DE VITÓRIA”. (JACK KEMP)

Mauro Hermógenes Lopes Covre
A∴ R∴ L∴ S∴ Luz e Trabalho Nº 144 – GLESP
Or∴ de Ilha Solteira/SP

Fonte: Revista "Acácia" Nº 65 - Maio de 2024