A Vela acesa
No calendário da Loja a qual pertenço o quarto de hora de estudos seria preenchido pelo Decano da Oficina, sobre o tema “A VELA ACESA”, que a princípio não despertou interesse dos outros Irmãos, porém o nosso Decano tinha fama de ser um dos mais sábios Mestre.
A harmonia em nossa Oficina estava abalada por diversas desavenças e indiferenças, que se arrastavam e acumulavam, levando a muitos se tratarem como primos.
Como em todas as sessões seguiu a liturgia do nosso rito, parecia que seria uma sessão como muitas outras que assistimos e participamos. Como de praxe os trabalhos foram suspensos para dar início à apresentação.
O Velho Mestre postou uma mesa em um local onde todos pudessem acompanhar sua apresentação, colocou um castiçal ao centro e várias caixas de velas de vários tamanhos sobre a mesa, que seriam utilizadas no decorrer da sua palestra;
O Irmão começou falando da fraternidade, da origem da palavra, que vem do latim frater, que significa irmão, enquanto falava, abriu uma das caixas de vela e começos a tentar encaixar as velas no castiçal que era visivelmente menor a abertura para o encaixe. Enquanto dizia que a expressão Irmão remete a família e deixou as velas que havia tentando encaixar juntas, como se estivessem em harmonia familiar;
Lembrando que na antiga Roma, este termo era utilizado com relação de compreensão e cooperação entre as pessoas descendentes de uma mesma família, onde se estabeleceu o conceito de sociedade particular. Dando prosseguimento a sua fala, disse que fraternidade representa também o sentimento de solidariedade, disposição de ajudar de estar presente. E abriu outras caixas de velas e tentou encaixar no castiçal, como não conseguia mesmo forçando o encaixe, pressionando uma vela contra a outra. Como não conseguiu deixou-as próximas ao castiçal. Criando um círculo de proteção. E prosseguiu dizendo, que muitas das vezes não vamos conseguir socorrer o Irmão, mas devemos ao menos tentar. Suas palavras seguiram destrinchando o tema, falou que a fraternidade estava ligada a empatia. E abriu outra caixa de vela, porém dessa vez não tentou encaixar, olhava a vela e o castiçal aproximava por alguns instantes e retornava as velas para a caixa, outras caixas ele só abria e depois fechava, sem retirar as velas, e dizia, porém, aqueles Irmãos que dizem praticar a fraternidade, mas nos momentos em que são convocados demostram, repelência, repulsa e indiferença, nem tentam socorrer, prefere se omitir.
Enquanto ele falava mexia nas caixas de vela, prendendo nossa atenção, nos fazendo refletir e saborear cada uma das suas frases. Já próximo da conclusão. Ele retirou uma das velas que estava ao redor do castiçal, e com auxilio de um canivete ele apontou a extremidade, de forma que ela encaixasse no castiçal. E com um aceno de sua cabeça ao Venerável Mestre, as luzes do templo foram apagadas. Ele juntou todas as velas que estavam em circulo de modo a formar um único corpo e acendeu todas, e com elas acedeu à vela do castiçal.
E conclui que devemos como Maçom, como Pedreiros Livres sermos solidários com aqueles que estejam precisando de ajuda, buscarmos soluções para os problemas e vivermos como uma família, como Irmãos, que a desarmonia de um ambiente propícia à quebra da fraternidade, da boa convivência. E pode levar uma Oficina a abater colunas.
Que o caminho que devemos adotar para sermos mais fraternos começa com a nossa mudança de postura, na compreensão, na empatia, no respeito às diferenças, que devem ser manifestadas nas pequenas ações; Que uma Loja é composta de Irmãos e não de primos.
Todos aplaudiram de modo incessante a apresentação, enquanto ecoavam as palavras proferidas pelo Velho Mestre em suas almas. Ao termino todos se abraçaram, e uma nova página na história da Oficina começou a ser escrita.
Pedro Jorge de Alcantara Albani
Mestre Maçom
A∴R∴L∴S∴ Montanheses Livres – Oriente de Juiz de Fora – MG
Fonte: Revista Cultural Virtual “Cavaleiros da Virtude” - Ano XI - Nº 068 - Outubro/2024
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