A retidão do caminho a seguir.
O Grande Arquiteto do Universo ao conceber a essência das criaturas, pôs nelas um fim e uma direção a seguir, e, ainda quando sejam temporais, a razão divina as considerou e englobou num conceito eterno. Por isso, a criação dos seres implica a da própria Divina Ordem Universal: um Deus, uma ideia, uma vontade, uma Lei – a Lei Eterna – que se projeta sobre o mundo orgânico e animal, levando a que o homem adquira o entendimento necessário para poder livremente determinar-se, ajustando-se a essa Lei Suprema para poder, de alguma forma, dela participar.
A razão humana está sempre acoplada às ideias de moralidade e de justiça, pois uma e outra também são componentes dessa Ordem Universal. No entanto, essas ideias não são obras criadas pela sua razão, isto é, não é esta a causa, a matriz da moral e da justiça, mas sim a Lei Eterna. Assim, ao submeter-se a essa Ordem, a essa Lei Eterna, está ele confirmando. Infringindo-a, não a anula, mas tende a iludi-la para, mais cedo ou mais tarde, sujeitar-se aos efeitos da infração. É possível furtar-se ao cumprimento de qualquer lei humana, mas nunca à ordem normativa universal, a essa Lei Eterna.
Na simbologia maçônica o esquadro representa a equidade, a justiça e a retidão de caráter. Retidão física emanada do esquadro corresponde a retidão moral, caracterizada pelas ações de acordo com a lei, com o direito e com dever, e a virtude de seguir retamente, sem se desviar, a direção indicada pela equidade. E como todos nós sabemos é a joia-símbolo do Venerável Mestre.
O comportamento com retidão vem se seguindo desde o antigo Egito, Grécia, Roma, entre outros. Destaco o comportamento do Amenófis IV – também chamado de Akhenathon (o filho do Sol). Nasceu por volta de 1355 a.C. Esse jovem Faraó, que assumiu o Império sendo coroado com 15 anos, acreditava que um ideal justo sempre triunfa, tendo amadurecido a ideia de um Deus universal para todos os homens, associado ao Sol – Deus Solar – e único, fonte da vida em todas as suas manifestações, acreditando que o sol da justiça e do amor jamais se deitaria. Tinha a concepção de que o fluxo divino passa obrigatoriamente pelo organismo familiar, revelando e ratificando a importância da família. A história de Akhenaton mostra tal qual a Maçonaria e mais uma vez, que um homem melhor faz um meio melhor, que a força de sua convicção em seu objetivo e a sua Retidão altera a vida do meio, seja ele uma família, uma rua, um bairro, uma cidade, um país ou o Universo.
Em estudo sintético do Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, sobre Ocupações e Missões dos Espíritos, vislumbra-se na Parte Segunda, do Capítulo X, Perguntas 581 a 584, que: Cada um é recompensado de acordo com suas obras, com o bem que intentou fazer e com retidão de suas intenções.
Ainda na filosofia do Espiritismo, pelo médium Hercílio Maez – admirador com obra dedicada a Chico Xavier -, segundo o Espírito RAMATIS, José, pai humano de Cristo, era um homem serviçal, reservado e conhecido pela sua retidão, firmeza de caráter e ação moral, além de excessivamente cauteloso nas coisas mais simples. Muito atencioso para com a família, embora severo, jamais aceitava qualquer compromisso profissional, caso ainda tivesse alguma dúvida em poder cumpri-lo. Enérgico, sóbrio, religioso, mas sem o excitamento fanático ou exagero místico, manifestava profundo respeito pra com os preceitos e regras sagradas do Torá.
Dentre os famosos Pensadores da Humanidade, Platão transmitiu-nos o seu idealismo em Diálogos que narram a própria vida do seu mestre Sócrates. Pelos diálogos Socráticos ficamos a perceber qual o caminho a escolher: - todo Homem deve seguir uma vida regida pela Retidão moral exercendo o Bem e a Justiça... Do avançado e polêmico Filósofo para os pensadores do seu tempo, com ideais sofistas, Protágoras de Abdera, Séc. V a.C.: O Homem é a medida de todas as coisas. Independente de crença, raça, periodização ou cultura que regem os diferentes povos primitivos ou atuais, retidão sempre esteve presente nas religiões, doutrinas e filosofias, como princípio comportamental e espiritual a ser exercido por todos, como medida de todas as coisas, sempre influenciando o meio, seja por sua ausência ou existência, no homem e na sociedade.
Nos dias atuais, nas sociedades industriais modernas, a retidão não apresenta um conceito tão simplista e imediatista, tanto mais considerando que os homens têm hoje um tipo de vida social e econômica muitíssimo mais diferenciado e complexo do que os tempos gregos, romanos e egípcios.
Destaco – por achar oportuno e digno de registro – o comportamento do filósofo grego Sócrates. Durante toda a sua vida procurou ser bom, cumprindo tudo aquilo que entendeu que fosse seu dever e tentando fazer o bem a seus concidadãos. Essa conduta era reprovada à época por muitos e o consideravam um perigo à sociedade, e acabou sendo acusado, sem provas, julgado e condenado injustamente. Depois de preso e aguardando a execução, amigos acenaram-lhe com a possibilidade de fuga e exílio por disporem de meios e os processos de suborno. Recusou a oferta e sujeitou-se aos efeitos da sicuta (veneno).
A reflexão que trago aos meus irmãos é: O que faríamos se ao invés de Sócrates fosse um de nós? Também recusaríamos ou nos aproveitaríamos da oportunidade?
Uma demonstração de convicção e aperfeiçoamento cultural e moral, que todos devemos buscar compreender e assimilar, foi o Discurso pronunciado na Colação de Grau dos bacharelandos de 1989, da Faculdade de Direito de Campinas/RJ, no Fórum Nilo Peçanha, no dia 17 de março de 1990, na condição de Núncio dos Professores. Aldano Séllos de Barros, advogado, professor de História e Decano da Faculdade de Direito de Campos/RJ, onde leciona Direito Romano desde sua fundação em 1960, no qual o tema e a conclusão afirmaram sabiamente que: A verdadeira Justiça é a Retidão interior. Essa Retidão interior é o que devemos buscar edificar em nosso Templo Interior, lembrando-nos sempre dos bons e sublimes exemplos que a História da Humanidade, desde os tempos do antigo Egito, nos deixou por legado, para que aprendamos a olhar o passado, para melhorarmos o presente e podermos almejar um futuro ainda melhor.
Retidão, palavra de importante significado encontrada ao longo dos tempos, e em várias línguas e doutrinas religiosas ou filosóficas, qualificando homens bons e de moral ilibada. Real dever e princípio para autênticos e legítimos Maçons, os quais, até onde se possa ser, são verdadeiros oponentes da ignorância e fortes apoiadores da Retidão.
Finalizo esta peça com as sábias palavras de um ex-presidente norte americano: Praticamente qualquer um pode suportar a adversidade, mas se quer testar o caráter de alguém, dê-lhe o poder. Abraham Lincoln.
Que o Supremo Arquiteto do Universo ilumine o nosso caminho.
João Batista Raimundo Mestre Maçom da ARLS... Alferes Tiradentes Nº 20 Oriente de Florianópolis – Santa Catarina. |