A Responsabilidade Individual
Tivemos, no ano de 2015, um fato que ainda não havia ocorrido na história de nosso país; um cidadão brasileiro foi fuzilado na Indonésia por ter levado àquelas terras alguns quilos de entorpecentes.
As leis daquele país preconizam a pena capital nessas situações, mas, não quero aqui entrar no mérito da soberania da Indonésia ou da validade ou não da pena de morte; por princípios éticos, morais e filosóficos entendo que a vida, no sentido de existência, é o bem maior e não pode ser instrumentalizada pelo Estado, mas, ponto. Não passarei dessa análise nesse espaço até porque não é esse o tema em questão.
Quero chamar a atenção pelo que li sobre o processo do fuzilamento. São doze atiradores que recebem suas armas carregadas, sendo que três possuem munição real e nove apenas munição de festim; ou seja, fazem barulho e fumaça, mas, não há projétil. Na verdade, nenhum dos doze executores sabe quais armas apresentam a munição real e todos atiram ao mesmo tempo; dessa forma, pretende-se atenuar a consciência dos atiradores com o benefício da dúvida. Afinal, foi o meu tiro ou o do meu colega que matou o homem vendado à minha frente?
A bem da verdade, o que acontece aqui é uma tentativa de se diluir a responsabilidade individual na massa maior do grupo. Claro, pois se de cada doze armas, somente três possuem munição real, então a chance do tiro executor ter saído de uma delas é de, apenas, vinte e cinco por cento; um quarto de chance de ser responsável pela morte de alguém. Psicologicamente falando, não deixa de ser um alento, mas, a matemática não ajuda quando entendemos que a função do executor é essa mesma, executar... E, por isso mesmo, só o fato de estar perfilado com o fuzil em punho já deixa claro o que se pretende e não há como fugir dessa responsabilidade.
Vamos trazer essa situação, de forma análoga, para mais próximo de nós, em nosso dia a dia. Por exemplo: Quando você vota está sendo responsável por dar poder a um representante político que falará e agirá por você no exercício de suas funções; ele tomará decisões e irá agir em seu nome nas esferas que lhe competem.
Na Empresa, quando tomamos uma ação profissional, mesmo que essa ação seja efetuada em Equipe, ainda assim temos nossa responsabilidade individual naexecução, acompanhamento, correção ou verificação de resultados.
Na vida social ou familiar, quando decidimos algo também normalmente agimos em conjunto, seja para uma viagem em família ou para uma festa com os amigos, mas, sempre temos nossa parcela de responsabilidade na tomada de decisão ou, ao menos, na participação nesse evento.
O que quero dizer é: Mesmo que façamos algo com mais pessoas, ainda assim, temos nosso grau de responsabilidade no resultado final obtido. Não há como dizer: “- Eu não sabia! Não é de minha alçada! Não tenho culpa!”... Ou outras desculpas menos votadas.
E, se isso é dito por um líder empresarial, político ou chefe de família, a responsabilidade aumenta ainda mais, pois, em última instância a responsabilidade final sempre é do líder maior ou daquele que representa um grupo.
Então, temos que ter a coragem de assumir as responsabilidades pelos nossos atos, sem malabarismos verbais, armadilhas semânticas ou, pior, tentativas vãs de se eximir da própria responsabilidade empurrando a falha para o colo de outrem.
A responsabilidade é individual e como tal deve ser assumida. Isso é o que se espera de pessoas e profissionais éticos, de líderes honrados, de políticos corretos, de nossa família e dos bons amigos.
Gerson Raul Persike
é um especialista em atendimento, vendas, telesserviços e preparação de lideranças empresariais. Empresário, é filósofo e consultor de Empresas nas áreas de gestão, capacitação de lideranças e formação de equipes motivadas e produtivas. Diretor da empresa Comunicação & Mercado, sócio da empresa Orbis Tecnologia em Gestão, também é gestor do Call Center da Fundação Pró-Rim.