A numerologia e o quinto elemento essencial
A numerologia pode ser encontrada em diversos livros sagrados, como na Bíblia, Alcorão e no Livro dos Mortos do Antigo Egito, sendo uma ciência antiga, desconhecendo-se suas origens, mas já se sabe que era praticada na Caldeia, na Índia, China, pelos Druidas e pelos Cabalistas. Porém, a numerologia ou escola de Números mais utilizada é a de Pitágoras.
Nascido na Grécia em 570 a.C., o filosofo e matemático Pitágoras foi quem nos legou o significado vibracional e metafísico. São atribuídas a ele as frases: “Tudo está disposto de acordo com os números” e “O número é a lei do Universo”, afirmando que os números estão presentes em tudo e podem influenciar nossas vidas, nossas atitudes e até decisões.
Pitágoras, é considerado o pai da Matemática e da numerologia moderna, tendo fundado uma escola esotérica em Crotona, por volta do ano 600 a.C., tendo sido um dos mais iluminados filósofos e matemáticos da humanidade. Ele tinha uma maneira diferente de interpretar os números, pois analisava-os através de suas qualidades e não somente como quantidade. Ele afirmava que os números, com suas vibrações energéticas, explicavam tudo no Universo, inclusive sua Criação. Ele nos deixou o atual sistema de divisão musical e o ciclo evolutivo dos números de 1 a 9, no qual se baseia toda a experiência humana.
No entanto, em torno de 3.000 AC, os números já tinham um significado para os povos da antiguidade. Os sumérios já possuíam um sofisticado sistema numérico que originou a hora de 60 minutos e o minuto de 60 segundos, mais tarde aperfeiçoado pelos povos que habitaram a Mesopotâmia, como os babilônios e os caldeus. O sistema numeral de Pitágoras surgiu somente por volta de 632 a.C. Outras escolas, no entanto, são conhecidas pelo mundo: na Índia, no Japão e até mesmo na África, além do sistema sagrado hebraico, que se popularizou no Ocidente sob o nome de Cabala.
A Numerologia, considerada por alguns como ciência e por outros como pseudociência, é o estudo do significado dos números e sua influência no caráter e no destino das pessoas. Mas para a Maçonaria, ela tem um outro significado. Para nós, ela está ligada a uma das sete artes liberais, a geometria. Como uma das sete artes, a Geometria, integrando o quadrivium (conjunto de quatro matérias - aritmética, geometria, astronomia e música - ensinadas nas escolas helênicas), visa estudar as possibilidades de medir um espaço, sendo que em nossa Ordem, a Geometria, faz uso de seus conceitos nas edificações que erigimos, bem como vemos no interior de nosso Templo, como os diversos símbolos que se relacionam com ela, como esquadro, compasso, triângulo, retas, círculos etc. e instrumentos necessários para a construção de nossa obra e de nosso Templo espiritual.
Na numerologia cada letra e número correspondente possui uma energia e significado, e nela, o cinco simboliza a união, o centro e o equilíbrio, pelo fato de ser um número central na sequência de 1 a 9, e de ser a soma do elemento masculino céu, representado pelo número três, e o elemento feminino terra, representado pelo número dois. O número cinco é ainda o símbolo do Homem e do Universo, da ordem, da perfeição. O cinco é, desde Pitágoras, considerado o número da união, da harmonia e do equilíbrio. Está associado ao homem, já que o seu corpo pode ser dividido em cinco partes e os seus cinco sentidos são utilizados para a percepção do mundo.
No mundo, temos quatro essências materiais: água, ar, fogo, terra, no entanto, existe uma quinta essência equilibrando as outras quatro. O número cinco preside a energia capaz de manter em vibração os elementos primordiais. Este quinto elemento é a energia una, representando o emblema da perfeição, representa ainda Deus na transformação. Enquanto juntamente com os quatro elementos materiais coexistir a quinta essência, a vida estará nele presente e as suas forças não serão capazes de se neutralizar duas a duas. Este número é mágico e peculiar, a ponto de ser usado pelos gregos e romanos como amuleto para proteger o portador dos espíritos malignos.
Na Bíblia, temos em Gênesis 2, 5-7: “não existia ainda sobre a terra nenhum arbusto nos campos, e nenhuma erva havia ainda brotado nos campos, porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, nem havia homem que a cultivasse; mas subia da terra um vapor que regava toda a sua superfície. O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas o sopro da vida e o homem se tornou um ser vivente.” Explicando, na formação do mundo havia vapor que subia da terra (ação do calor sobre ar e água), e Deus formou o homem da terra (completando os quatro elementos) inspirando-lhe nas narinas o sopro da vida, aí está o quinto elemento. Portanto este quinto elemento é o dom da vida, aquilo que nos difere dos mortos. Desta maneira, o número cinco, representa a energia que garante a vida.
A monja beneditina, mística, teóloga, pregadora, compositora, naturalista, médica informal, poetisa, dramaturga e escritora alemã, Hildegarda de Bingen, ou Santa Hildegarda (1098 – 1179) considerava o número cinco como o número do homem que, dividido em cinco partes, ou cinco quadrados no comprimento e outros cinco na largura, se podiam inscrever num quadrado perfeito, formulação representada por Leonardo da Vinci (1452 – 1519) no desenho do O Homem Vitruviano.
Santa Hildegarda mencionava ainda as cinco extremidades da cabeça, mãos e pés, os cinco sentidos e dos cinco dedos das mãos e dos pés. Para Pitágoras, o cinco era a harmonia suprema e foi representada na arquitetura das catedrais do período gótico, com as estrelas de cinco pontas, as rosáceas de cinco pétalas e a cruz que também simboliza o número cinco, com as suas quatro retas por oposição a um centro. Para os esotéricos, o cinco era também o quinto elemento ou a quinta essência, o éter, para além do fogo, da água, do ar e da terra.
Quinta essência ou quintessência é um termo introduzido na filosofia por Aristóteles (384 – 322 a.C.). Ele, na esteira dos filósofos pré-socráticos também imaginava uma espécie de fundamento material para a realidade. Ou seja, uma base para tudo o que existe a partir das quais por meio de misturas ou composições as coisas estão aqui dispostas ao nosso redor no nosso mundo. Para ele, portanto, existe uma separação na existência material, aquilo que ele vai chamar de mundo sublunar – tudo que está abaixo da lua, e supralunar, o que está acima da mesma. No mundo sublunar todas as coisas são existentes a partir dos 4 elementos básicos, aqueles já ditos pelos filósofos pré-socráticos: a água (ou o úmido), o ar (ou o vento), o fogo (ou o calor) e a terra.
Já no mundo supralunar ali existia um outro elemento, um quinto elemento, ou na linguagem dele, a quintessência que ele chamará de éter. Este éter que é um elemento não estritamente material é o que faz então a composição daquilo que está acima da lua, inclusive os outros astros e o espaço entre eles. No pensamento de Aristóteles o espaço vazio que é o que hoje chamaríamos de vácuo seria um absurdo. Não é possível a existência do não existente. Com essa teoria do éter então ele preenche aquilo que se acreditava que era vazio, portanto, quintessência é a negação do nada.
Sendo a quintessência uma substância sutil e invisível, mas essencial para a vida, a saúde e o universo, sob essa interpretação, a atuação desta energia sobre os homens é responsável pela vitalidade e saúde dos seres vivos, portanto, a substância que dá vida, energia, força e capacidade de regeneração. Também é essencial para o desenvolvimento espiritual, pois é responsável pela capacidade de pensar, sentir e agir de maneira consciente, além de fonte de criatividade e inspiração.
Em uma interpretação mais moderna, a quintessência pode ser vista como uma energia universal que está presente em todos os seres vivos, com poder de cura e bem-estar, fonte de inspiração e conexão com o universo e com a própria essência do homem. Individualmente, ao estimularmos esta energia universal, ela pode atrair tudo o que pensamos, sentimos e afirmamos para nossas vidas. Este é o cerne do livro que vendeu mais de 30 milhões de cópias, “O Segredo” da escritora australiana Rhonda Byrne. Segundo a autora, o universo é regido por uma lei universal, a Lei da Atração: uma técnica que utiliza a crença de que a mente e o universo estão conectados por meio da força dos pensamentos. Acredita-se que os pensamentos emitem ondas de energias e podem atrair determinados acontecimentos. Ou seja, a Lei da Atração é um ramo da Quintessência.
A atuação da energia da quintessência sobre os homens é um tema complexo e multifacetado que tem sido explorado por filósofos, cientistas, artistas e religiosos ao longo da história. Não existe uma resposta única para a questão de como a energia da quintessência atua sobre os homens, pois a resposta depende da interpretação que se dá.
Na Maçonaria, a quintessência é um símbolo da perfeição e da transcendência. Ela é representada pelo número cinco, que, como já mencionado, é considerado um número perfeito, ou como o pentagrama que, formado por cinco pontas representa os quatro elementos básicos somados ao quinto elemento que os une.
No Grau de Aprendiz, o maçom é iniciado nos quatro elementos básicos e palpáveis: água, ar, terra e fogo.
No Grau de Companheiro, ele é introduzido na quintessência, que é o elemento que une e harmoniza os outros quatro, consonante com o conceito pré-socrático. Deste modo, o irmão companheiro deve procurar na quintessência a perfeição espiritual, o estado de iluminação e de união com o divino, a energia que une os opostos, como o masculino e o feminino, o corpo e a alma, o material e o espiritual e a força criativa que dá origem a todas as coisas. Por ter um conceito abrangente e de grande significado, a quintessência deve ser vista como um guia no caminho de evolução espiritual do maçom.
Diversos graus do R∴ E∴ A∴ A∴ têm relação com o número cinco e sobre este número é interessante obter uma visão mais eclética, abrangendo o seu significado na Maçonaria e noutras escolas do conhecimento, como é comum ao Maçom fazer num universo tão vasto de conhecimentos.
Concluindo, a quintessência é um conceito importante na Maçonaria. Ela é um símbolo de esperança e de possibilidades. Ela é um lembrete de que todos nós temos o potencial de alcançar a perfeição espiritual e de transcender nossas limitações.
Alessandro Godoy Coelho
A∴R∴L∴S∴ "Pelicano" Nº 233 - GLESP
Or∴ de São Paulo/SP
Bibliografia consultada:
1. O que é quintessência? Vocabulário filosófico
2. Livro Quintessência Lei da Atração Acelerada de William Sanches | (resumido por Karol Meier)
3. Os mistérios e o simbolismo dos números
4. Bíblia Católica
Fonte: Revista Maçônica Digital "Acácia" - Ano 6 - Nº 68 - Agosto de 2024 (Consulte: www.revistaacacia.com.br)