A maçonaria existe para unir homens, não para separar

“Somente pela fraternidade a liberdade será preservada”

Victor Hugo

A maçonaria universal estrutura-se sobre três pilares indissolúveis e que não se separam: liberdade, igualdade e fraternidade. Esta união de homens livres e de bons costumes tem difundido entre as sociedades espalhadas por todos os cantos da Terra por milénios a necessidade da união de todos em prol do bem comum e do bem-estar da humanidade.

Quando nos reunimos em fraternas assembleias invocamos a protecção do Grande Arquitecto Do Universo, como denominamos Deus, ou o Espírito Criador que tudo rege no universo, e propomo-nos a caminhar numa senda de verdadeira luz.

Se buscamos conceitos tão plenos de bondade e justiça como estes, o nosso caminho não pode ser senão o da união, o da paz e da irmandade que reúne homens e mulheres em perfeita harmonia e concórdia. Deste modo propomos a todos os que se aproximam de nós e levamos onde seja possível a nossa voz a ser ouvida, numa mensagem de edificação e evolução espiritual baseada na paz e no bem.

Nós, Maçons comprometidos com a construção de um mundo melhor, mais justo e fraterno precisamos de ter no nosso discurso a clara definição do nosso compromisso com esses valores. Além do discurso precisamos ter na práxis, que é a acção concreta baseada nestas ideias, o exemplo vivo de que a responsabilidade pela edificação deste mundo que sonhamos começa em cada acto nosso, em cada gesto, em cada desejo de agregar e não repelir, em cada sonho de fraternidade e viva comunhão de ideais. Se pensamos o que é bom precisamos de praticar o bem. Se queremos a união devemos agregar os nossos irmãos a nós e integrar-nos cada vez mais com eles de igual modo. Se queremos construir uma humanidade fraterna, impõe-se sermos igualmente edificantes. Mas, isto tem um custo de que precisamos de estar cientes e dispostos a cumprir as obrigações para atingirmos esses objectivos.

Para unir os indivíduos em ideais comuns de fraternidade precisamos de ter nas palavras o sentido formal e directo para esse fim. Na senda da pavimentação desse caminho de união e fraternidade precisamos de ter cuidado redobrado com o que dizemos e como agimos. Primeiro com as palavras ditas, porque a sabedoria empírica explica que depois de dita a palavra não mais será possível buscá-la de volta. Assim, precisamos de saber sempre o momento de falar e o momento de calar para que as nossas palavras não sejam instrumento de destruição ou desunião. Precisamos de reflectir sempre sobre como abordar e termos resignação quando necessário para não dizermos somente o que sentimos e o que pensamos, já que isso poderá não ser edificante ou elemento de união.

Há no Livro da Lei, a Bíblia, que reúne directrizes ordenadas pelo Grande Criador para seguirmos, inúmeras citações a este respeito. Mas,uma em especial mostra o quanto há de poder nas nossas palavras. No Livro dos Provérbios há uma lição de cunho singular sobre isto:  “A língua tem poder sobre a vida e sobre a morte”.

O acto concreto, as acções em prol da construção desta humanidade sonhada, passa obrigatoriamente pela aliança entre o discurso e os gestos. A maçonaria prega nas suas Lojas a edificação desta humanidade fraterna e exorta os seus irmãos a trabalharem incessantemente nesse sentido. O nosso compromisso precisa ser de luta diária para unir homens, grupos, comunidades, nações e povos num único sentido que seja o do bem e da paz para todos. Os maçons precisam de ser exemplos vivos do compromisso, do discurso e das acções nesse sentido.

Pregar a paz e a união implica em pensarmos cada dia, cada instante, ano após ano na edificação desse reino de harmonia e concórdia. Chamarmos os que estão ao nosso redor para esta prática também e buscarmos nos ensinamentos que os sábios nos deixaram, as directrizes para atingirmos estes ideais. Sabermos a hora de falar e a de calar, de agir e de hibernar, de construir e de ceifar, de plantar e de colher.

Chamamos os nossos irmãos para o compromisso contínuo com este compromisso, que sabemos ser a promoção da justiça que queremos que reine no nosso meio e da perfeição que almejamos lapidar nos nossos corações. Assim temos buscado fazer e rogamos ao Supremo Criador que assim seja feito.

Adolfo Ribeiro Valadares

Fonte: https://www.freemason.pt/