A Essência da Maçonaria
A essência da Maçonaria é um costume bem estabelecido entre os maçons de se reunir regularmente com um propósito comum. Fazemos isso por várias razões: (1) para socializar, (2) para revisar nossas conquistas, (3) para aumentar ou reduzir nosso número de membros, (4) em algumas ocasiões, para eleger nossos líderes, e (5) sempre, para aperfeiçoar nossos planos, tanto de curto quanto de longo prazo, a fim de enfrentar os desafios que talvez possamos ou não identificar corretamente.
A valorização do potencial da união não é restrita apenas aos maçons, pois o conceito de unidade sempre atraiu a atenção de líderes ao longo da história. Lincoln, por exemplo, proclamou que "uma casa dividida contra si mesma não pode permanecer". Marcos Aurélio, muitos séculos antes, observou com precisão que "os homens foram feitos para cooperar, como os pés, como as mãos," tornando qualquer ação contrária à cooperação, antinatural. Gosto particularmente da observação perspicaz de Étienne Senancour de que a união, quando perfeita, pode realizar qualquer coisa.
Por anos, refleti sobre o papel que a Maçonaria desempenhou, não só em minha vida pessoal, mas, mais importante, na evolução da sociedade em que vivemos. Sendo profundamente comprometido com a Maçonaria, lamento a óbvia diminuição de sua influência, particularmente neste país, entre aqueles que se chamam maçons. Os valores morais e espirituais não estão mais em demanda, ou estamos apenas falhando em nossos esforços de promoção?
Essas observações sobre o conceito de unidade revelam uma verdade básica, mas raramente reconhecida: frequentemente, é da falta de unidade que a união emerge. Isso é bem exemplificado na Maçonaria pela formação da Grande Loja Unida da Inglaterra, a Mãe de todas as Grandes Lojas do mundo, em 1813, que resolveu uma questão muito contenciosa e uniu os maçons ingleses que haviam estado seriamente divididos por quase um século.
Desde minha aposentadoria de um emprego em tempo integral na Maçonaria, tive a oportunidade de focar nas perspectivas da Ordem. Ao tentar entender o que vejo e leio, minha mente volta à noite em que fui iniciado. Naquela ocasião, percebi que havia chegado a um ponto de virada em minha vida e, embora eu não pudesse, naquele momento, prever onde a Maçonaria me levaria, estava convencido de que minha vida nunca mais seria a mesma.
Nossos antepassados ingleses, talvez sem intenção, não apenas estabeleceram a harmonia maçônica em seu país, mas, por meio de ações voluntárias e conciliatórias, também criaram a fundação sobre a qual os parâmetros da Maçonaria foram subsequentemente estabelecidos mundialmente. Esse ato de unificação se tornou, de fato, a lei fundamental da Ordem, um acordo de união pelo qual os maçons, a partir daquele momento, comprometeram-se com a causa da cooperação.
Ao refletir frequentemente sobre minha iniciação na fraternidade, minha mente inevitavelmente retorna a uma oração recitada naquela ocasião pelo meu condutor. Ele me lembrou, com o ritual perfeitamente decorado, de "contemplar quão bom e quão agradável é que os irmãos vivam juntos em união." Embora eu possa não ter sido capaz de apreciar plenamente o significado dessas palavras na época, aprendi, ao longo dos anos que se passaram, a valorizar que essas palavras, escritas pelo Salmista há séculos, proclamam com precisão a essência da Maçonaria — o que ela foi, é agora e, esperançosamente, será no futuro.
A criação da unidade a partir da desunião não se limita apenas à Maçonaria, como qualquer análise rápida das páginas da história pode atestar. Nossos antepassados estabeleceram esta nação em consequência de sua insatisfação com o ambiente político em que viviam. Foi também a insatisfação com o status quo que levou ao estabelecimento de organizações como a Liga das Nações, sua sucessora, as Nações Unidas, a União Europeia e a OTAN.
Stewart W. Miner
Fonte: O Malhete - Novembro de 2024 - Ano XVI - Nº 187
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